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Estudo com orquídea pode levar a tratamento do câncer

Uma pesquisa da Universidade Estadual de Maringá (UEM) identificou em uma orquídea nativa do norte do Paraná uma substância capaz de combater o tipo mais agressivo de câncer de ovário, o sarcoma. Apesar de raro, a taxa de mortalidade das pacientes, quando o tumor reincide, é de 80% a 90%.
A pesquisa, desenvolvida pelo Departamento de Química, é a primeira na área farmacológica com orquídeas brasileiras e a única que, até o momento, associou substâncias da planta ao combate ao câncer.

O coordenador do estudo, professor Armando Pomini, conta que a orquídea foi escolhida por se tratar da maior e mais evoluída família de plantas em termos genéticos. Existem 30 mil espécies nativas e 300 mil híbridas, mas são poucos os estudos químicos e medicinais que as utilizam. "Por ser um material novo, a chance de descobrir substâncias é maior, sem contar que existe demanda por novos componentes químicos contra o câncer", diz.

O estudo integra um trabalho de iniciação científica da acadêmica Letícia Fernandes Dela Porte. A pesquisa começou, em março do ano passado, com espécies cedidas pelo orquidário da Universidade Estadual de Londrina (UEL). No Laboratório de Química da UEM, as plantas foram moídas e delas obtido o extrato que, em testes, mostrou boa atividade contra o câncer de ovário.
A partir dos resultados iniciais, o desafio da equipe foi chegar à substância pura mais da orquídea: o princípio ativo. O teste anticâncer foi um sucesso e a substância reprimiu o crescimento do tumor. "Além de ter estrutura química simples, ela foi menos tóxica para os tecidos normais do que para o câncer, o que é importante", ressalta Pomini.

O coordenador acrescenta que o principal objetivo das pesquisas com novas substâncias contra o câncer é encontrar algo que seja ativo apenas contra o tumor e não ataque as células normais, o que não é muito simples de conseguir. Os ensaios contra o câncer foram feitos em células humanas na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Pomini afirma que a substância foi patenteada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), no mês passado. Os resultados do trabalho foram apresentados, em julho, no Congresso Internacional de Pesquisa em Produtos Naturais, o principal da área, em Nova Iorque, nos EUA.

De acordo com o coordenador, os primeiros testes biológicos focaram em oito tipos de câncer, entre eles leucemia e rim, mas o princípio ativo se mostrou eficiente contra o sarcoma de ovário. Pomini declara que, agora, busca apoio de empresários ou do governo para avançar nas pesquisas e desenvolver em laboratório a substância química eficaz no combate ao tumor.

Ele explica que é preciso investimento maior, técnicas mais apuradas e mais testes em organismos vivos complexos até chegar ao ser humano. Na avaliação do pesquisador, o sucesso do estudo também retrata a excelência da UEM. "Mostramos a capacidade da universidade em avançar em pesquisas mais complexas, antes concentradas nos grandes centros", frisa.

http://www.odiario.com/geral/noticia/661784/estudo-com-orquidea-pode-levar-a-tratamento-do-cancer/