Os professores da Universidade Estadual de Maringá (UEM) entraram em greve ontem, por melhores salários. As atividades ficarão suspensas até a sanção pelo governador Beto Richa (PSDB) do projeto de lei que concede reajuste de 31,73% aos salários dos docentes.
A greve já havia sido aprovada em assembleia do dia 16. Na ocasião, cerca de 200 professores decidiram pela paralisação e convocaram nova assembleia, que aconteceu ontem pela manhã. Na assembleia de ontem, a Seção Sindical dos Docentes da UEM (Sesduem) informou aos cerca de 300 professores presentes o andamento das negociações com o governo estadual.Douglas Marçal
Assembleia, ontem, na UEM teve participação de aproximadamente 300 professores
Na última segunda-feira, o comando de greve esteve em Curitiba para pressionar a votação do projeto de lei para reajustar os salários dos docentes.
O líder do governo na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), deputado Ademar Traiano (PSDB), comprometeu-se com os grevistas que a Alep aprovaria ontem a proposta em regime de urgência e que a proposta seria sancionada amanhã ou sexta-feira pelo governador.
A notícia do avanço nas negociações dividiu opiniões. Apesar da maioria dos professores defender a manutenção da greve até a sanção do projeto, uma pequena parcela de docentes propôs suspender a paralisação e dar um voto de confiança ao governo.
"Vamos esperar até quinta-feira para decidir se iremos entrar em greve ou não", defendia o grupo. "Se mantivermos a greve, até o fim de semana veremos a solução, mas se pararmos agora seremos enrolados", advertiu outro docente.
Na votação para decidir os rumos do movimento grevista, venceu a proposta pela manutenção da greve. A sugestão de suspender a paralisação foi aprovada por apenas 13 professores.
Professora da UEM desde 2008, Leda Maria Messias da Silva, do Departamento de Direito Público, votou pela manutenção da greve e disse que a paralisação não se resume à questão salarial.
"Nós também queremos ganhar dignamente, pois se você não ganha nem o
mínimo para o seu existencial, como é que você vai exercer a docência
com decência? Você tem trabalhar em outro locais para completar a sua
renda? Como vai fazer uma aula que o aluno merece? Não é uma questão
salarial, é uma questão da qualidade de ensino que deveria ter mais
investimentos em todo o Brasil."
Estudantes
Na manhã de ontem, os estudantes que foram às aulas foram dispensados
pelos professores. A greve tem o apoio do Diretório Central dos
Estudantes (DCE).
A secretária-geral da Sesduem, Sandra Ferrari, diz que a adesão dos professores – no total são 1,5 mil - de todos os campi tem sido alta, mas não é possível calcular quantos estão parados e nem qual a porcentagem dos 25 mil estudantes com aulas suspensas.
De acordo com Sandra, as atividades já agendadas, como bancas e defesa de teses, serão mantidas. "Vamos respeitar porque há prazos há serem cumpridos", diz.
"Vamos também manter as atividades essenciais, como as do HU
(Hospital Universitário)." Uma comissão de professores deve percorrer
os campi da UEM nesta semana. A Sesduem ainda não marcou assembleia
para decidir os rumos da greve.
UNIVERSIDADES E REAJUSTE
Situação nas instituições de ensino
- Universidade Estadual de Maringá (UEM): professores em greve desde ontem
- Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG): professores em greve desde quinta-feira (16)
- Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste): professores em greve desde ontem
- Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro): greve aprovada a partir de 23 de agosto
- Universidade Estadual de Londrina (UEL): Indicativo de greve para 3 de setembro
- Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP): indicativo de greve para 3 de setembro
- Faculdade Estadual de Ciências Econômicas de Apucarana (Fecea): indicativo de greve para 23 de agosto
Reajuste aprovado pela Assembleia Legislativa
O aumento é de 31,73% no vencimento inicial da carreira do magistério do ensino superior das instituições estaduais.
Segundo o projeto aprovado pelo Legislativo, o índice será concedido
em quatro parcelas anuais de 7,14%, no dia 1º de outubro de 2012,
2013, 2014 e 2015.
Histórico
Os professores das universidades estaduais do Paraná ficaram 10 anos sem
fazer greve. A última ocorreu em 2001, e foi a mais longa da história
da categoria: durou 108 dias.
http://www.odiario.com/zoom/noticia/595783/uem-paralisa-reajuste-de-3173-e-aprovado/