Bullying é o conjunto de atitudes de violência física e/ou psicológica, de caráter intencional e repetitivo, praticado por um bully (valentão) contra uma ou mais vítimas que se encontram impossibilitadas de se defender.
Nas escolas os momentos e os espaços campeões de episódios de bullying são o intervalo e o pátio, o portão e o horário da saída. Outro espaço e horário em que ocorrem eventos dessa forma de violência são a quadra e as aulas da disciplina de Educação Física.
Nas quadras das escolas há discriminação, exclusão, provocações, xingamentos; quase sempre acionados em função de desentendimentos quanto às diversas características físicas, à condição social desigual, às diferenças de gênero ou à heterogeneidade racial.
É muito comum também o roubo nas mochilas enquanto os alunos fazem as aulas práticas. Roubo efetivado por alunos da escola ou por estranhos, por exemplo, nos períodos em que são realizados os campeonatos interescolas. Nessa época, inclusive, a possibilidade de conflito é maior, devido à amplificação da competitividade.
Outro problema corriqueiro é que quando há a ausência de algum professor muitas escolas juntam as turmas e atribuem a responsabilidade ao professor de Educação Física de levar os alunos para a quadra, ocupando-os até a próxima aula. Nesse contexto, a probabilidade de ocorrência de bullying é maior. Além de tudo, as aulas de Educação Física sofrem pela precariedade da infraestrutura das escolas.
É fato que a disciplina de Educação Física se transformou nos últimos tempos. Até a década de 80 a área estava mais preocupada com a revelação de craques, a melhoria da performance física e motora dos alunos, privilegiando no currículo os esportes.
Hoje, a ênfase recai na reflexão sobre as produções humanas que envolvem o movimento e o currículo se abre para uma infinidade de manifestações como a dança, a luta, os esportes radicais, etc. Apesar dessas mudanças, na prática essa disciplina ainda estimula nos alunos, prioritariamente, a competitividade e o individualismo, colocando-se como um espaço para a expressão da agressividade.
Penso que professores da disciplina de Educação Física que trabalham
com excelente infraestrutura; que não priorizam a competição; que
estimulam a cooperação como baliza para o estudo e a prática das
manifestações humanas que envolvem o movimento; que planejam suas
atividades seguindo metas pedagógicas claras e articuladas com o
Projeto Político Pedagógico da escola terão menos chances de presenciar
casos de bullying ou violência nas suas aulas.
Ivana Veraldo
Professora-doutora do Departamento de Fundamentos
da Educação da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
http://www.odiario.com/opiniao/noticia/591756/bullying-nas-quadras-das-escolas/