Uma série de mitos cerca os morcegos, mas um grupo de pesquisadores
de Maringá quer desmistificar esses mamíferos. Os morcegos não são
cegos e, por isso, não se enrolam nos cabelos das pessoas e é a minoria
que se alimenta de sangue.
As lendas levam à matança dos animais e
mostram que os brasileiros entendem pouco ou quase nada do mamífero,
considerado fundamental pelos cientistas para o equilíbrio ambiental.
Um grupo da Universidade Estadual de Maringá (UEM) inicia, na próxima terça-feira, o projeto Morcegos Urbanos. "Queremos catalogar as espécies, conhecer a biologia dos morcegos e levar informações aos moradores para que os mitos sejam minimizados", conta o coordenador do projeto, Henrique Ortêncio Filho, chefe do Departamento de Ciências da UEM.
O grupo, formado por 10 alunos, quer saber quais espécies de morcegos habitam os forros das residências. Para isso, serão feitas visitas e redes serão armadas para capturar os animais. Os pesquisadores vão examinar os mamíferos e libertá-los.
"Nós não vamos exterminar os morcegos, mas orientar a população sobre como evitar que eles vivam nas casas", esclarece. Aparentemente inofensivos, os morcegos podem se transformar em um problema de saúde pública porque transmitem raiva, mas matá-los é crime ambiental porque se tratam de animais silvestres.
1,2 mil
espécies de morcegos
já foram catalogadas
no mundo; três se
alimentam de sangue
170
variedades de morcegos
vivem no Brasil e 70
no Paraná
12
é a quantidade mínima
de espécies que habitam
em Maringá; nenhuma se
alimenta de sangue
Ortêncio explica que os forros das residências são moradias seguras e que os animais preferem viver nas cidades porque encontram água e alimentos disponíveis e poucos predadores.
A iluminação pública é aliada dos morcegos insetívoros porque as luzes atraem insetos, prato preferido dessas espécies, que chegam a comer mil insetos por hora. Os frugívoros também encontram cardápio farto na cidade.
Os pesquisadores vão catalogar também as espécies que habitam as áreas verdes. Por 1 ano, o grupo vai virar noites no Parque do Ingá e Horto Florestal observando o comportamento dos mamíferos.
O primeiro e único estudo para identificar os tipos de morcegos que
habitam Maringá foi feito em 2006, em uma área limitada. Apenas o
Parque do Ingá serviu de campo para os cientistas, que conseguiram
registrar 12 espécies. O grupo da UEM acredita que os novos estudos vão
mostrar mais variedades do animal.
Prevenção
A única forma de impedir que morcegos se abriguem nos forros das casas é
vedar qualquer abertura que permita a passagem dos animais.
Se eles já estiverem instalados, existem alternativas para espantá-los, a exemplo de instalar lâmpadas no forro ou colocar telhas transparentes nos cantos em que eles costumam se esconder.
http://www.odiario.com/cidades/noticia/591087/grupo-da-uem-vai-catalogar-os-morcegos-urbanos/