A geração de empregos formais no mês passado em Maringá foi a pior para o mês de junho em 10 anos. O mercado de trabalho fechou com saldo negativo de 156 postos de trabalho em junho deste ano.
O saldo líquido é o resultado de 7.142 admissões e 7.298 demissões no período. Os dados dos Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) foram divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
O comércio foi o setor com o pior desempenho em junho, com o fechamento de 188 postos de trabalho, e foi o que mais contribuiu para o resultado negativo do mercado de trabalho em Maringá.O economista Neio Lúcio Peres Gualda, professor da Universidade Estadual de Maringá (UEM), explica que a retração na geração de empregos no mês passado, foi causada pelo endividamento das famílias e que a economia vive hoje as consequências da expansão do crédito que os brasileiros experimentaram entre 2010 e 2011.
Com cartão de crédito e empréstimos bancários, o brasileiro foi às compras. "A geração de empregos cresceu porque o consumo estava alto", diz. "Agora, chegou o momento de pagar as contas e para que consigam quitar as dívidas precisam sacrificar o consumo e isso reflete diretamente no mercado de trabalho", afirma o economista.
Segundo ele, as vendas no comércio estão em queda desde março, mas os postos de trabalho não foram fechados porque no auge das vendas os comerciantes enfrentaram dificuldades em contratar pessoal qualificado. Para preencher as vagas, os lojistas tiveram que contratar gente sem experiência, qualificar e treinar os funcionários.
Na expectativa de lucros maiores, os trabalhadores não foram
demitidos, mas como o cenário econômico só prevê melhora a partir de
outubro, a opção foi dispensar os funcionários agora e voltar a
contratar dentro de 3 meses.
O presidente do Sindicato do Comércio
Varejista de Maringá (Sivamar), José Rubens Abrão, é mais otimista e
diz que as contratações serão retomadas em agosto.
O resultado negativo de junho, segundo ele, é sazonal. "Junho e julho são meses considerados fracos para o comércio porque é época de entressafra", comenta. Este ano, o comércio varejista maringaense gerou 608 empregos formais; 47% menos que de janeiro a junho de 2011. O Sivamar projeta resultados semelhantes ao de 2011 para este ano.
O presidente da Associação Comercial e Empresarial de Maringá (Acim), Marco Tadeu Barbosa, diz que o resultado negativo de junho preocupa e mostra que Maringá não está blindada aos resultados nacionais, apesar de a cidade viver uma economia próspera.
"Teremos turbulência no caminho, mas acredito que vamos superar até
por causa dos investimentos que estão vindo para cá", cita. "O novo
pátio do aeroporto para aviões de carga vai ser um diferencial para as
empresas."
Semestre
No primeiro
semestre do ano, Maringá gerou 1 mil empregos a mais que no mesmo
período do ano passado. De janeiro a junho, o saldo líquido é de 6.486
postos de trabalho com carteira assinada na cidade, contra 5.427 no ano
passado.
O desempenho local cresceu 19,5% e vai na contramão do resultado nacional, que recuou 25,9% no período.
DADOS DE MARINGÁ
http://www.odiario.com/zoom/noticia/587412/maringa-tem-pior-saldo-de-emprego-em-junho-desde-2003/