É arriscado diferenciar a violência escolar da violência social urbana. Ambas possuem causas múltiplas e, atualmente, quase sempre estão associadas ao uso e ao tráfico de drogas. Como fazem parte de uma rede complexa, acabam por constituírem-se numa das questões mais emblemáticas da sociedade contemporânea.
A violência está intimamente ligada à condição de vulnerabilidade social, que parece atingir com maior impacto os jovens. Como a escola é um dos espaços de convivência desse segmento populacional, ela é, evidentemente, atravessada pela violência social.
Nas escolas e no seu entorno, não é tanto o consumo de drogas que gera violência, mas sim o tráfico. A escola é mais um espaço disputado pelo tráfico de drogas. Usuários ou traficantes muitas vezes vão às escolas armados, ampliando a possibilidade de conflitos.
A violência ocorre não somente nas escolas localizadas nas periferias pobres, sucede igualmente no centro das cidades. E, embora as estatísticas apontem que o maior problema se encontra nas escolas públicas, isso não é real, pois nos colégios particulares o problema também acontece, só que são poucas as denúncias.
É fato que reina um mal-estar coletivo, resultante da crise econômica, política, social e cultural. Os jovens, em especial, sentem falta de perspectiva de futuro. As contrariedades conduzem os indivíduos à busca de alívio. Uns recorrem às drogas lícitas como o consumismo, o uso de remédios, álcool e cigarros.
Outros buscam conforto nas drogas ilícitas. É fato também que enquanto não houver uma transformação social radical as condições que produzem o mal estar continuarão, consequentemente a violência também prosseguirá crescendo.
Enquanto transformações radicais não ocorrem, é preciso gerar situações que amenizem os conflitos. Está comprovado que onde o Estado não atua com políticas públicas o tráfico toma conta.
Então, é fundamental a geração de políticas publicas que fomentem a inclusão e a emancipação juvenil, ampliando a rede de proteção social, com oportunidades de estudo e trabalho, incentivando a prevenção da violência dos jovens e contra os jovens, sensibilizando a opinião pública e os meios de comunicação para o tema, promovendo espaços de arte, cultura, esporte e lazer e dando respostas continuadas, que independam da alternância de governos.
Fica um alerta para que as autoridades prestem mais atenção ao
problema do tráfico de drogas que toma a escola e os que nela convivem
como reféns, usurpando o direito social pela educação de qualidade. Os
eleitos do próximo pleito não podem fechar os olhos a essa mazela.
Ivana Veraldo
Professora-doutora do Departamento de Fundamentos da
Educação da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
http://www.odiario.com/opiniao/noticia/585820/escolas-sob-o-dominio-do-trafico-de-drogas/