Um físico da Universidade Estadual de Maringá (UEM) criou uma tecnologia para displays funcionarem mais rápido e gastarem menos bateria. A descoberta de Rafael Zola, 28 anos, deve estar no mercado dentro de três anos.
A pesquisa foi financiada por uma empresa do governo de Taiwan, considerada a maior indústria de tecnologia do país. Caberá aos engenheiros usar a descoberta de Zola para montar as telas e vendê-las à grandes companhias, como Samsung e Sony.
Ricardo Lopes
Descoberta de Rafael Zola deve estar no mercado em três anos
A diferença do novo display, descoberto pelo físico, para os atuais que vemos em celulares, tablets e televisores, é que ele dispensa o uso de lâmpadas. "A empresa queria que desenvolvêssemos um display que refletisse luz.
E todo mundo que estuda o assunto tenta fazer displays funcionarem sem ela." Cerca de 70% da bateria de um notebook, por exemplo, é gasta para fazer essa lâmpada funcionar. Eliminá-la do aparelhos significa fazer a bateria durar bem mais.
DEU CERTO
“A empresa queria
que desenvolvêssemos
um display que refletisse
luz. Todo mundo tenta”
Rafael Zola
Físico
Para conseguir essa façanha, Zola precisou usar um cristal líquido diferente, que refletisse luz. O problema é que simplesmente trocar o material comum por esse tornaria impossível a reprodução de vídeos em tablets e smartphones; e aparelhos incapazes de rodar vídeos são inviáveis no mercado.
"O cristal líquido que reflete luz é muito lento e a empresa queria um display com esse material e que o consumidor pudesse assistir aos vídeos."
Depois de dois anos de muita pesquisa, ele e o orientador fizeram a descoberta inédita: conseguiram criar uma tela que dispensa o uso da lâmpada, reproduz vídeos e gasta pouca bateria.
O invento ainda permite o celular funcionar sem bateria quando o visor entra no modo de descanso. O fato de usar um cristal líquido refletivo traz uma vantagem às telas: elas se tornam perfeitamente visíveis sob o sol.
"Hoje, quando está ensolarado, você pega o celular e não consegue ver nada, a descoberta vai ser exatamente o contrário: quando a pessoa estiver lá fora e olhar para o display, vai ver tudo e quanto mais claro estiver o ambiente, melhor."
PRÊMIO
O físico Rafael Zola também
foi premiadopor outra
pesquisa que adicionou
limoneno, substância
também presente no limão,
ao cristal líquido do display.
O resultadofoi um display com
menor tempo de resposta.
Os displays encontrados em câmeras digitais, smartphones, tablets, monitores e GPSs são formados por nove camadas. A descoberta do físico brasileiro funciona com metade delas.
Isso significa redução de custos. "O número de camadas é menor e a produção vai ser mais rápida e barata porque as fábricas vão usar menos materiais", acredita.
Avanço
Um desafio que os engenheiros da empresa de Taiwan vão ter que superar é fazer a tela funcionar no escuro. Sem luz para refletir, o display não funciona.
A saída, segundo o físico, é instalar lâmpadas de led na parte frontal do display e um sensor para que sejam ligadas automaticamente quando a luz ambiente para a tela funcionar for insuficiente. "São várias vantagens, mas também há desafios."
Zola acredita que a nova tecnologia será incorporada primeiro a tablets, e-books e smartphones. Para televisores, só daqui a cinco anos. A descoberta rendeu ao físico um prêmio da Sociedade para Informação do Display, recebido há duas semanas em Boston.
http://www.odiario.com/cidades/noticia/579718/fisico-da-uem-cria-tela-economica/