Concursos de produtividade de soja realizados
este ano nas regiões de Maringá e Londrina exibiram médias que, frente
aos graves problemas climáticos ocorridos durante a safra,
surpreenderam até os técnicos.
Em Rolândia, o campeão geral entre os cooperados da Cocamar, Paulo César Lopes conseguiu colher quase 180 sacas por alqueire, o dobro da média obtida em Maringá. Como foi possível?
Para especialistas,
alcançar médias elevadas com soja para os padrões regionais só mostra
que o potencial de produtividade para essa cultura ainda é grande.
"Ainda somos muito acanhados", garante o pesquisador Antonio Luiz
Fancelli, do Departamento de Produção Vegetal da Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP).
Em Londrina e Maringá na semana passada, Fancelli disse que os
produtores brasileiros evoluíram bastante nos últimos anos, "mas ainda
tem muito chão para crescer".
Ele ressaltou que na safra
2009/10, o campeão brasileiro em produtividade de soja foi o paranaense
Leandro Ricci, de Mamborê, região de Campo Mourão. Ricci colheu nada
menos que 262 sacas por alqueire, um volume que grande parte dos
agricultores até desconfia.
"Tem que fazer diferente", afirma
o pesquisador, lembrando que o importante não é o tamanho das vagens e
nem o número delas por planta, mas a quantidade de vagens por área.
Para isso, a receita, segundo ele, é equilibrar genética, nutrição e
manejo.
"O solo precisa ser saudável", acrescenta Fancelli,
frisando que a soja não dispensa nitrogênio. Ele chama atenção para a
qualidade e o tratamento da semente, a regulagem da máquina usada para
semear e a velocidade com que a semeadura é feita.
"No Paraná, o
pessoal semeia muito rápido, até parece que está apostando corrida com
o vizinho", brinca. O ideal, acrescentou, é que a operação de semear
ocorra a uma velocidade máxima de 5 a 6 quilômetros por hora.
De acordo com o especialista Cássio Tormena, da Universidade Estadual
de Maringá (UEM), 98% dos produtores da região fazem plantio direto, ou
seja, cultivam sobre a palha deixada pela cultura anterior, sem mexer
no solo, ao contrário do que se via há algumas décadas.
O
problema, segundo ele, está na compactação do solo – que se acentua
devido, principalmente, ao tráfego constante de máquinas. "A melhor
tecnologia inclui investir na qualidade do solo", afirma Tormena,
enfatizando que a compactação reduz o sistema de raízes, além de
dificultar a absorção de água e ar.
Hoje, diz Tormena, 70% das
áreas apresentam problemas de compactação, o que afeta a produtividade
da soja e do milho em pelo menos 10%. "O problema reside na
superficie, numa camada de apenas 10 a 20 centímetros de profundidade",
cita.
Em solo de superfície endurecida, explica o especialista, a raiz da
planta não consegue se desenvolver, ficando próxima da linha de plantio
e mais vulnerável se ocorrer uma estiagem. "Para ter produtividade é
preciso ter água e, para isso, a raiz necessita crescer".
ESTRATÉGIAS DE MANEJO DO SOLO
-
Controlar o tráfego de máquinas na lavoura
-
Usar máquinas mais leves
-
Dar preferência a pneus de baixa pressão
-
Planejar os talhões para o tráfego
-
Usar facões nas semeadoras
-
Planejar uma diversificação cultural
-
Evitar a entrada de caminhões e carretas na lavoura
(*) Cássio Tormena, UEM
http://www.odiario.com/regiao/noticia/573072/desafio-no-campo-e-aumentar-a-produtividade/