"Um homem sério. O que ele dizia, não precisava
escrever". Quando fala do suíço Alfredo Nyffeler, que foi gerente da
Companhia Melhoramentos Norte do Paraná (CMNP) por 25 anos e desde os
tempos da fundação da cidade, em 1947,o empresário Amorim Pedrosa
Moleirinho, pioneiro e seu amigo durante décadas, sabe o que está
dizendo.
"Quando pensou em fundar Maringá e gerenciar as vendas de datas urbanas e lotes rurais, bem como o desenvolvimento da cidade, a empresa convidou Alfredo Nyffeler e foi o nome certo", diz Moleirinho, que imigrou de Portugal em meados da década de 50.
Fotos: Arquivo/DNP
Alfredo Nyffeler, suíço tido como flexível na hora da cobrança
Logo ao chegar, Nyffeler impôs sua autoridade e mostrou-se flexível e
diplomático ao tratar com pessoas de todos os níveis, desde doutores a
homens simples que chegavam para se estabelecer ou comprar terras
destinadas ao cultivo de café.
Logo em 1949, vendo que Maringá
crescia rapidamente como centro urbano mas ainda dependia muito de
Mandaguari, ele foi a Ponta Grossa na tentativa de trazer para cá a
primeira agência bancária do então distrito, a do Banco Comercial do
Paraná, o Bancial, sediado naquela cidade.
Em conversa com seus
diretores, uma exigência lhe foi imposta: para ter sua agência,
Maringá precisava garantir um volume de recursos em depósito. De volta,
Nyffeler articulou-se e, com sua influência, conseguiu o dobro do
dinheiro. Em pouco tempo, o Bancial abria suas portas, seguido logo
depois pelo Banco Brasileiro de Descontos.
Segundo Moleirinho,
Alfredo Nyffeler se mostrava flexível também quando sentia que
precisava ajudar as famílias compradoras de datas e lotes. As datas
eram pagas 40% no ato da aquisição, 30% em um ano e 30% no ano
seguinte. Se o comprador se apertasse, ele estendia o prazo, o mesmo
acontecendo com quem investia na cultura do café e sofria perdas com
geadas.
O próprio Amorim Moleirinho conta que comprou uma data
para construir uma casa e ao procurar a Companhia para efetuar o
pagamento, Nyffeler o interpelou: "Primeiro faz a casa e depois a gente
conversa". Segundo ele, o gerente pensava primeiramente no
desenvolvimento da cidade, nunca foi "durão". Não raro, ele estendia o
prazo dos pagamentos para quem enfrentava dificuldades e, depois,
perdoava os juros.
MAIS
A casa do gerente da
Companhia foi
construida na esquina
das avenidas Brasil e
Duque de Caxias. Ela
foi desmontada e hoje
está no câmpus da
Universidade Estadual
de Maringá
O nome de Alfredo
Werner Nyffeler foi
dado ao parque da
Vila Morangueira,
criado para revitalizar
uma área degradada
Em outras cidades fundadas pela Companhia, houve gerentes que exigiam
que se cumprissem os contratos à risca, o que levou muita gente a
perder seus investimentos.
Alfredo Nyffeler sua esposa dona
Silvia e três filhos, ocuparam a primeira casa construída no Maringá
Novo. Ficava na Avenida Brasil, na quadra entre a Avenida Duque de
Caxias e a Praça Raposo Tavares. Hoje, após ser desmanchada e
reconstruída na Universidade Estadual de Maringá (UEM), essa casa
abriga o Museu da Bacia do Paraná.
O pai de Moleirinho,Joaquim
Duarte Moleirinho, em companhia de Joaquim Gomes Caetano, ambos
carpinteiros oriundos de Portugal, participou da construção dessa casa e
de muitas outras obras em Maringá.
http://www.odiario.com/maringa-65-anos/noticia/566895/suico-perdoava-juros-para-ajudar-pioneiros/