Um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) divulgado recentemente revela que a diferença entre os salários
pagos a homens e mulheres vem caindo em todo o País. Contudo, a
desigualdade ainda é grande. Em Maringá, em 2010, elas passaram a ganhar
61,5% do rendimento médio mensal deles. Em 2000, esse porcentual não
superava 58%.
O salário das maringaenses saltou 111,5% no intervalo analisado pelo IBGE, subindo de R$ 634,81 para R$ 1.342,98. Contudo, no mesmo período, o rendimento dos homens passou de R$ 1.094,25 para R$ 2.181,97 – alta de 99,4%. Em números, os homens recebem por mês, em média, R$ 839 a mais do que as mulheres.
Apesar de a diferença salarial entre
homens e mulheres ser maior em Maringá do que no restante do País – na
média nacional, elas passaram a ganhar, em 2010, 73,8% do rendimento
deles –, os valores pagos no município são maiores. No Brasil, o
salário dos homens subiu de R$ 1.450 para R$ 1.510 (R$ 672 a menos que o
dos maringaenses) em uma década; o das mulheres foi de R$ 982 para R$
1.115 (R$ 228 a menos que das maringaenses).
Na avaliação da
secretária nacional da Mulher Trabalhadora da Central Única dos
Trabalhadores (CUT), Rosane Silva, a desigualdade entre homens e
mulheres no mercado de trabalho afeta principalmente as mulheres jovens
e negras. "São elas as que mais sofrem com a informalidade no mundo do
trabalho. Apenas 24% das 7 milhões de empregadas domésticas, por
exemplo, têm carteira assinada", diz.
Na análise do professor
de economia brasileira contemporânea da Universidade Estadual de
Maringá (UEM), Antônio Gomes Assumpção, a situação é complexa e não
pode ser resumida ao fato de que as mulheres são discriminadas no
mercado de trabalho. "Há vários fatores que levam a mulher a ganhar
menos do que o homem, mas isso está mudando, porque elas estão cada vez
mais ocupando postos de chefia", diz o economista.
Uma das
explicações para essa diferença salarial, segundo o economista, está no
salário das funções ocupadas majoritariamente por mulheres. O valor
pago pelo serviço doméstico, onde predominam as mulheres, via de regra,
é bem menor do que o salário-base de um pedreiro – função ocupada
quase sempre por homens.
Outro fator que explicaria a diferença
salarial está no fato de que as mulheres, por conta dos afazeres do
lar, muitas vezes se dedicam a uma atividade profissional apenas em
meio período. "Enquanto isso, o homem normalmente se dedica
integralmente à atividade profissional, conseguindo com isso uma
remuneração maior", comenta.
A sociedade, diz Assumpção, ainda
cobra que o homem seja o provedor do lar. "Na nossa cultura machista,
na regra geral, é o homem que tem de assumir a responsabilidade pelo
sustento da família, buscando uma atividade registrada e com
garantias", diz. "Mas com o tempo, a tendência é que isso acabe."
De acordo com o professor, o aumento da remuneração das mulheres é um
bom indicativo para a economia. "Isso é ótimo, porque temos o aumento do
poder de compra da família." Entre os setores que mais ganham com a
independência feminina, explica Assumpção, está o mercado imobiliário,
que se baseia na análise da renda familiar nos contratos de
financiamento da casa própria.
MELHORIAS
http://www.odiario.com/zoom/noticia/565818/mulheres-de-maringa-ganham-38-menos-do-que-homens/