Três estudantes de Geografia da Universidade
Estadual de Maringá (UEM) com pretensões nada modestas e nenhum
orçamento fundaram, em 1º de março deste ano, o primeiro grupo de
"caçadores" de tempestades do noroeste paranaense. O Stormaringá – com
grupo homônimo no Facebook – tem como principal objetivo registrar o
primeiro tornado de Maringá.
Inspirados nos bem equipados
pesquisadores dos Estados Unidos, Thays Camassola, 25 anos, Acácio
Cordioli Pereira, 19, e Igor Sanches, 20, têm se revezado no
monitoramento do tempo em Maringá. Com recursos inversamente
proporcionais ao entusiamo, os estudantes deslocam-se de bicicleta até
os pontos mais altos da cidade para registrar a chegada de temporais.
Douglas Marçal
Acácio, Igor e Thays só pensam em uma coisa: registrar um tornado
Com ou sem aparelhagem ideal, o trio quer estar a postos quando o
grande momento chegar. "A expectativa de registrar um tornado é o que
nos motiva", diz Thays, que é meteorologista do Aeroporto Silvio Name
Jr. "Tornados são comuns. O que falta no Brasil são observadores".
Na primavera de 2009, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe) confirmou a ocorrência de um tornado em Ampere, no Sudoeste do
Paraná. Tecnicamente, tornados podem ocorrem em áreas de baixa
pressão, especialmente no encontro de uma frente fria com uma massa de
ar quente. Foi o que aconteceu na tarde do último sábado, em Maringá.
"Passei
a monitorar a chegada da tempestade depois que a Thays me ligou
informando que a pressão atmosférica estava baixa", recorda Acácio.
Quando os ventos fortes da frente fria atingiram Maringá, por volta das
16 horas, Acácio e Igor já aguardavam próximo ao antigo aeroporto.
"Meu interesse por tempestades aumentou depois que descobri que os
caçadores de tornados não são coisa só do cinema", disse Acácio. "A
gente tem um pouco de medo, claro, mas a vontade de presenciar um
temporal é bem maior do que o medo", diz o estudante.
Numa
escala de zero a cinco em potencial para formação de tornados, Maringá
está no nível 3. "Fotografamos e filmamos a chegada dessas tempestades.
Depois, publicamos o material, com explicações sobre os ventos que
atingiram a cidade", comenta Acácio.
O trio acompanha os dados
do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), do Simepar, da estação
meteorológica de Bauru (SP), da Rede Integrada Nacional de Detecção de
Descargas Atmosférias – que traz informações atualizadas a cada 15
minutos –, entre outros.
Com apoio moral dos colegas de curso,
mas sem qualquer retorno financeiro, o Stormaringá segue coletando
informações e imagens das tempestades que atingem a cidade. O banco de
dados embasará o trabalho do grupo que, no futuro, espera conseguir
patrocinadores para viabilizar pesquisas na área.
"Meu Trabalho
de Conclusão de curso (TCC) vai ser nessa área, mas prefiro não dar
detalhes para ninguém pegar minha ideia", comenta o novo estagiário da
estação da UEM.
No vendaval do último sábado, como de praxe em
Maringá, foram registradas várias ocorrências de queda de galhos e
árvores na cidade. Para a sorte dos maringaenses e o lamento dos
integrantes do Stormaringá, nenhum tornado desceu das nuvens naquele
dia.
http://www.odiario.com/cidades/noticia/563811/cacadores-de-tempestades/