Em 2011, a Universidade Estadual de Maringá (UEM) gastou R$ 12,1 mil
com o depósito de sete patentes no Instituto Nacional de Propriedade
Industrial (Inpi) e a manutenção dos 64 pedidos registrados
anteriormente e que permanecem em análise. O custo é considerado baixo,
se comparado ao retorno que a produção intelectual pode trazer
futuramente à instituição.
Quando novos produtos ou processos
industriais passam a ser usados no mercado, a universidade passa a ter
direito a royalties ou porcentuais obtidos sobre os lucros da inovação,
de acordo com o contrato firmado com a iniciativa privada.
"Temos que investir em inovação. É importante para o desenvolvimento do
País. Hoje o Brasil vende muita matéria-prima, mas não vende
tecnologia. Temos que transferir tudo o que se produz na universidade
para a sociedade.
"Temos que investir em
inovação. É importante para
o desenvolvimento do País.
Hoje o Brasil não vende
tecnologia "
Valéria Neves Domingos
Cavalcanti
Núcleo de Inovação
Tecnológica da UEM
Em breve, se tudo der certo, vamos ter um grande centro de
transferência de inovação na UEM e vamos permitir que se ganhe dinheiro
também", considera a diretora de pesquisa e coordenadora do Núcleo de
Inovação Tecnológica da UEM, Valéria Neves Domingos Cavalcanti.
O
professor e diretor da Agência de Inovação da Universidade Estadual de
Ponta Grossa (UEPG), João Irineu de Resende Miranda, também avalia que o
depósito de patentes pelas universidades é um investimento. "A UEPG
teve um expressivo crescimento em sua pós-graduação nos últimos anos, o
que ensejou um aumento de pesquisas voltadas à inovação. Pode-se dizer
que as patentes da universidade são ativos da chamada nova economia,
tendo sua ênfase na sustentabilidade do setor produtivo", diz.
Resultados
Para o professor do Departamento de Bioquímica e membro do conselho
técnico do Núcleo de Inovação Tecnológica da UEM, Sérgio Paulo Severo de
Souza Diniz, que acompanha a evolução dos depósitos de patente na
instituição e que tem trabalhado para incentivar mais pesquisas
acadêmicas, foi importante a UEM ter conquistado um número elevado de
pedidos, mas mesmo assim, ainda é necessário incentivar mais esta
cultura do patenteamento.
"Na medida em que se cria uma
consciência de que a pesquisa pode ser transformada em patente, é bom
para o pesquisador e para a instituição", considera.
Segundo
Diniz, não importa se operíodo entre o depósito da patente e o registro
da propriedade intelectual seja longo e dificulte a transferência de
tecnologia, mesmo com esta barreira é preciso investir no registro da
inovação. Ele, por exemplo, tem um depósito de patente feito em 2006,
de um aparelho metálico transferidor de meios de cultura, que é
destinado a laboratórios de microbiologia, fitopatologia e análises
clínicas.
Uma ideia que ainda não saiu do laboratório. "Não
avançou para a produção em escala. Como ainda está correndo o pedido,
estou aguardando as etapas subsequentes para ver o interesse. Isto
também ocorre com outras pesquisas", relata Diniz.
Parcerias
O
diretor da Agência de Inovação Tecnológica da Universidade Estadual de
Londrina (UEL), Jair Scarmínio, concorda que os prazos do processo de
análise do Inpi são um desalento. "O que realmente temos observado é que
a eficiência vai na direção de projetos feitos em parcerias, que
atendem a demanda da iniciativa privada.
Acredito que ainda
teremos uma maturidade maior e vamos aprender a divulgar melhor a
produção do conhecimento das universidades", avalia. "Temos que ter
processos de produção e produtos inovadores que tragam condições reais
para as empresas competirem. Nas universidades, passamos a ter uma
série de estímulos para depósitos de patentes e acredito que as
empresas estão mais atentas também".