O aumento da ocorrência de distúrbios alimentares
entre adolescentes já começa a preocupar os especialistas das áreas de Saúde
Pública. Dois trabalhos de pesquisa científica publicados pela Universidade
Estadual de Maringá (UEM), no ano passado, mostram que 48,13% dos adolescentes
pesquisados estão descontentes com a imagem corporal. A pesquisa foi feita com
alunos de ensino médio de uma escola pública de Maringá.
Entre os
adolescentes descontentes com sua aparência física estão pacientes que
desenvolvem os quatro principais males relacionados à alimentação: obesidade
(peso excessivo), desnutrição (peso abaixo do mínimo), anorexia (recusa em se
alimentar) e bulimia (indução do vômito, uso de laxantes e diuréticos).
Para a professora e doutora em Nutrição, Alice
Maria de Souza Kaneshima, que orientou os estudos sobre bulimia e anorexia, o
distúrbio alimentar é um problema de saúde pública. Os números eram tão
alarmantes em 2005 que motivaram os estudos, hoje a situação á ainda mais grave,
especialmente entre os meninos, diz. Segundo ela, o que leva os jovens a
tomarem medidas drásticas para buscar um corpo que considerem mais aceitável é a
conjunção da baixa-estima com a necessidade de aceitação.
A pesquisa ouviu 187 estudantes do ensino médio
entre 15 e 19 anos. Do total pesquisado, 18,6% dos meninos apresentaram sintomas
de anorexia e 14,28%, de bulimia. Eles também sofrem a pressão pelo corpo
perfeito e, se não aparecem em quantidade nos estudos de bulimia e anorexia,
aparecem na população dos obesos e desnutridos, diz Alice Maria. Para os
meninos, a cobrança é o corpo sarado e músculos definidos, um tormento para
quem está acima do peso ou muito abaixo.
Maioria feminina
As meninas
se sentem ainda mais pressionadas. Elas são a esmagadora maioria em ocorrências
de distúrbios alimentares, nas clínicas de estética, consultório de cirurgiões
plásticos e academias. Alice Maria afirma que na época de publicação dos
trabalhos, o grupo de pesquisa esperava analisar a gravidade da situação e tomar
providências sobre isso.
As alunas de Nutrição da UEM retornaram ao
colégio onde a pesquisa foi feita e fizeram palestras para incentivar mudanças
de hábitos alimentares. O objetivo era esclarecer o que é comer de forma correta
e os malefícios de medidas extremas. Um adolescente com bulimia terá problemas
de desenvolvimento, o anoréxico pode morrer. É uma situação muito grave e,
certamente, um problema de saúde pública, diz a pesquisadora da UEM.