Pesquisadores têm trabalhos divulgados, enquanto alunos e comunidade compram livros mais baratos
O professor do Departamento de História da UEM, Lúcio Tadeu Mota, 55 anos, há mais de 15, dedica-se a pesquisas sobre índios no Paraná. E, se não fosse pelos livros publicados pela Editora da Universidade Estadual de Maringá (Eduem), poucos saberiam do seu trabalho.
É um prazer ver a nossa temática levada para outras pessoas, diz Mota, que prepara um novo livro sobre os jesuítas na região de Santo Inácio, no século XVII. Já negociei com editoras comerciais, mas prefiro as universitárias, diz o professor, escritor e pesquisador.
Mota observa que a Semana do Livro - que começou ontem e vai até a próxima sexta-feira na UEM - é uma maneira de divulgar o trabalho para além do meio acadêmico. Os leitores também têm vantagens, como livros mais baratos. A opção de se ter uma editora na universidade facilita a divulgação dos trabalhos e pesquisas, contra as dificuldades do mercado editorial comercial. Mota diz que, em alguns casos, os escritores precisam até pagar do próprio bolso para publicar, o que não acontece em editoras universitárias.
O primeiro livro escrito por Mota sobre os índios foi A guerra dos índios Kaingangs, em 1994. Foi um trabalho de mestrado que já vendeu aproximadamente 3 mil exemplares e está na terceira edição. Outras publicações sobre os índios foram lançadas com registro de pesquisas em aldeias. Ele comenta que os índios também se interessam pelos livros, enviados para as bibliotecas das aldeias.
Eles ficam felizes quando vêem o material, fazem um debate e até duvidam das informações que conseguimos nas pesquisas de documentos, conta.
Uma destas situações é sobre a redução dos territórios indígenas no Paraná. Mota diz que os índios ficam surpresos quando conferem as informações no livro e verificam os dados nos mapas. Dessa maneira, o trabalho do professor da UEM não só informa os estudantes sobre a cultura indígena, como fala aos próprios índios sobre sua história.
Bom e barato
O diretor da Eduem, Ivanor Nunes do Prado, diz que
eventos como a Semana do Livro também são uma maneira de estimular a leitura nos
jovens e ajudar a mudar a má reputação do brasileiro como povo que lê pouco.
Não visamos lucro. Então, vendemos livros a preços bem acessíveis e isto é um
estímulo à leitura, explica Prado, completando que a divulgação também ocorre
em parcerias de troca de livros com outras universidades
públicas.
Visitar a barraca da Semana do Livro já é uma mostra deste
estímulo para a leitura. Há publicações custando apenas R$ 5. E são obras com
bom acabamento, papel de boa qualidade e assuntos variados. E aqueles que não
têm interesse em temas acadêmicos podem achar livros de que vão gostar.
Como o Charge jornalística Intertextualidade e polifonia, de Edson Carlos Romualdo, publicado em 2000, com 205 páginas. O livro pode divertir o leitor que vai entender outros aspectos do humor feito pelos cartunistas sobre assuntos factuais e de interesse de todos. Custa R$ 14 na promoção da Eduem e é vendido a quase R$ 30 nas livrarias.
As ofertas também são uma boa opção para presentes.
O acadêmico do segundo ano de Geografia, Marcelo Tenório, 20 anos, comprou ontem
o livro Conformações para a vida moderna, de Renata Leão Rego, para presentear
a namorada, que cursa Arquitetura. O livro custa R$ 36 e saiu por R$ 18. Um
preço bem acessível segundo o estudante, já que há muitas fotografias na
publicação, que podem ajudar em trabalhos acadêmicos.
Laurice Ricardo, que
faz doutorado em Educação, estabelece uma relação entre o preço barato e os
temas de interesse. Ela comprou o livro Políticas públicas Debates
contemporâneos e educação, de Mario Luís Neves, por apenas R$ 15. Acho uma boa
iniciativa ter livros mais baratos. No mês passado, gastei R$ 150 em livros,
conta.
A Eduem foi criada em 1992 como um programa de pró-reitoria e virou editora em 2006. Já foram publicados mais de 100 mil exemplares de 160 títulos. Para ter um livro publicado, o autor submete a obra para avaliação de uma comissão e o livro pode ser publicado dentro de oito meses a um ano.
Já a feira literária na UEM começou em 2004, na Primavera do Livro, realizada em setembro. Como evento acontecia com o período letivo em pleno andamento, os organizadores acharam melhor fazer no começo do ano para que os alunos pudessem adquirir as publicações no começo das aulas. Nasceu a Semana do Livro em 2007.
Semana do Livro da UEM
Local: câmpus da UEM
Data: até 3 de
abril
Horário: das 8h às 22h
Informações: (44) 3261-4103 e
www.eduem.uem.br
Andy Iore