A pesquisa semanal de preços feita pelo Departamento de Estatística da UEM e publicada por O Diário é alvo de boicote de três supermercados
Subiu para três o número de supermercados de Maringá que proíbem a coleta de preços pelos pesquisadores do Departamento de Estatística da Universidade Estadual de Maringá (UEM). É a partir dessas coletas que é elaborado o Tabelão de O Diário, publicado toda semana, desde agosto, no jornal O Diário.
Depois da rede Condor, a rede Wal Mart proprietária do Mercadorama e do Big encaminhou comunicado à universidade, nesta segunda-feira (23), proibindo que os pesquisadores entrem em suas instalações de Maringá para coletar os preços. A rede Cidade Canção havia barrado a pesquisa na semana passada, mas voltou a permitir a coleta esta semana.
Com a proibição do Big e do Mercadorama, sobe para três o número de supermercados que não permitem que seus preços sejam coletados para publicação. No dia 18 de fevereiro, o Condor passou a impedir a entrada dos pesquisadores do Departamento de Estatística da UEM em sua loja de Maringá, na esquina das avenidas Colombo e Paraná. Por seis semanas o pesquisador se apresenta na entrada da loja e é barrado - a empresa questiona a metodologia da pesquisa.
Para a coordenadora da pesquisa, Isolde Previdelli, professora doutora e chefe do Departamento da Estatística da UEM, o impedimento contra os pesquisadores é uma atitude contrária aos avanços e conquistas da sociedade, que estão atrelados ao domínio do conhecimento e da informação. Esse é um dos objetivos da pesquisa estatística, que passou a ser usada diariamente para informar e explicar resultados de forma simples e dinâmica, comenta Previdelli.
Não se opõem à divulgação de seus preços as lojas de Maringá das redes Atacadão, Bom Dia, Super Muffato e São Francisco - e também o Cidade Canção, que voltou atrás em sua decisão.
A reportagem de O Diário entrou em contato com o escritório do Wal Mart em Curitiba. A assessora de relacionamento, Tatiane Nunes, afirmou que a diretoria da empresa estava em reuniões para definir o posicionamento oficial da Wal Mart sobre o caso. Na tarde de ontem, a assessora entrou em contato com O Diário para confirmar que, por enquanto, a entrada do pesquisador não será permitida em nenhuma das empresas do grupo em Maringá.
A pesquisa O Diário/UEM segue a metodologia estabelecida pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que pesquisa os mesmos 31 itens na cidade de São Paulo. Para o economista Sandro Silva, do escritório regional do Dieese no Paraná, a pesquisa indica ao consumidor se ele está gastando dentro da média ou não. Ao indicar o preço médio de cada produto, o consumidor consegue perceber se está pagando muito mais ou se está conseguindo economizar naquele item, comenta Silva.
Para o economista, esse modelo de pesquisa é um serviço de utilidade pública. A partir dos dados coletados, é possível compreender as tendências do preço, acrescenta. O Dieese começou a pesquisar a Cesta Básica em 1982, nas principais capitais brasileiras, todos os meses e, em 2006, iniciou pesquisa semanal em São Paulo.
Há mais de 20 anos o Dieese pesquisa os preços da Cesta Básica sem ser barrado pelos supermercados de SP.
Vinícius Carvalho