Sistema vai vigorar a partir do vestibular de junho, quando 20% das vagas serão destinadas a estudantes sem recursos e que tenham estudado em escolas públicas
A Universidade Estadual de Maringá (UEM) terá, no
próximo concurso vestibular, previsto para julho, 20% das vagas direcionadas a
alunos de baixa renda e que tiver cursado as séries do ensino fundamental e
médio completos em escolas públicas.
Para o diretor do Diretório
Acadêmico dos Estudantes da UEM, Paulo Moreira da Rosa Junior, as cotas sociais
aumentam as chances de alunos pobres chegarem às universidades públicas, uma vez
que a maioria acaba optando por escolas particulares porque não consegue passar
no vestibular.
No ensino fundamental e médio há mais vagas na escola
pública; na universidade é o contrário. É uma inversão, a maioria dos estudantes
do ensino público precisam pagar para estudar em faculdades particulares, diz.
Ele acrescenta que a União Nacional dos Estudantes (UNE) luta por uma
cota maior, de 50%, para alunos pobres.
O reitor da UEM, Décio
Sperandio, acredita que o critério econômico-social é uma medida mais ampla
porque não direciona as vagas para uma raça em especial.
Após adotar o
critério que abre cotas para alunos de baixa renda, a universidade passará a
acompanhar de perto estes estudantes para avaliar os resultados da medida. A
instituição tem autonomia para determinar a natureza das cotas e o percentual
delas. Nossas opções são o vestibular para o índio e a cota social.
Cores
A oferta de cotas para
afrodescendentes e indígenas esbarrou em um debate entre duas correntes: a que
considera esta uma forma segregacionista de acesso às universidades e a que
entende as cotas raciais como forma de compensação social. Os indígenas do
Paraná participam do concurso vestibular interinstitucional dos povos indígenas.
A UEM tem seis alunos indígenas.
Sobre as cotas raciais, que a UEM ainda
não adotou, Rosa Junior diz acreditar que elas são válidas porque servem para
resgatar oportunidades que a história tirou desses povos.
A UEM oferece
um sistema de cotas para índios, uma forma de abrir as portas do ensino público
superior para minorias étnicas que sofreram na ocupação do Estado.
O
reitor da UEM cita que a preocupação das instituições com os alunos que não têm
acesso ao curso superior vai além de raça ou condição social. No Brasil, 88% dos
jovens entre 18-24 anos estão fora das universidades. Para Sperandio, oferecer
alternativas e formas de inclusão a este grupo deve ser um compromisso das
universidades públicas.
Juliana Fontanella