Ilecir Heckert, promotor do Meio Ambiente, recomenda às prefeituras e câmaras de Doutor Camargo e Paiçandu, o tombamento de suas antigas estações, para salvá-las da destruição
A história tem de ser preservada. Foi baseado
nesse pensamento, contemplado como direito dos cidadãos na Constituição da
República, que o promotor local do Meio Ambiente, Manoel Ilecir Heckert, enviou,
na semana passada, recomendações administrativas às Câmaras Municipais e
Prefeituras de Doutor Camargo e Água Boa. O pedido é de que, no prazo de 45
dias, três antigas estações ferroviárias, hoje desativadas, sejam tombadas como
patrimônios históricos. A intenção é preservar as construções e evitar que o
abandono e o vandalismo terminem por condenar esses lugares à cova do
esquecimento.
As antigas estações uma em Doutor Camargo, outra em
Paiçandu e a última no distrito de Água Boa, pertencente a Paiçandu são
memórias materiais da época em que os trens eram o meio de transporte mais usado
na região. O período de ouro do trem foi dos anos 20 aos 80. A importância
histórica das estações ferroviárias para a região está também no fato de que as
locomotivas impulsionaram o desenvolvimento econômico dos municípios. Depois de
tombados, esses prédios precisam ser preservados e isso é feito com a
viabilização de uma casa de cultura ou museu no local, sugere Heckert.
As recomendações administrativas substituíram processos de tombamento
que seriam iniciados pelo Ministério Público em breve, baseados em um estudo
enviado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), no qual estavam listadas as
construções da região que poderiam ser tomadas. Entre elas, as de Doutor Camargo
e Paiçandu. Faltavam apenas laudos técnicos para dar início ao processo,
afirma o promotor. No entanto, como as novas administrações desses municípios se
mostraram predispostas em viabilizar os tombamentos, foram enviadas
recomendações administrativas. O prazo pode ser estendido, caso haja
dificuldades e o interesse permaneça, diz.
Como as três estações estão
desativadas, as administrações terão de conseguir uma concessão do Governo
Federal, a quem pertencem as construções, para, na seqüência, apresentar e
aprovar projetos para os tombamentos. Heckert diz que, se os municípios
desistirem da idéia, um processo pode ser movido contra as administrações. Para
o Observatório Ambiental, que também recebeu os documentos porque acompanha os
processos relativos à linha férrea, Doutor Camargo e Paiçandu são carentes de
espaços culturais e essas estações podem ter essa finalidade, além do valor
histórico.
Em Maringá
Várias construções podem ser
consideradas patrimônios históricos em breve, em Maringá. Heckert cita, como
exemplo mais imediato, a Rodoviária Velha, cujo processo de tombamento já está
tramitando, mas que também pode ser demolida.
Temos ainda a Catedral
Nossa Senhora da Glória e um painel que retrata a colheita do café no interior
de uma loja de R$ 1,99, na Avenida Duque de Caxias, destaca. Uma estação
ferroviária existiu também em Maringá, mas ficou apenas na memória, depois de
ser desmanchada durante a gestão do ex-prefeito Ricardo Barros (1989-1992), para
a construção do Novo Centro. Hoje, no local, está o Terminal Urbano.