Eles são transmissores poderosos de doenças e podem contribuir para disseminar a dengue, alertam as autoridades sanitárias
O aumento de chuvas desde o fim do ano passado e a alta temperatura nos últimos dias na região de Maringá oferecem ambiente propício para a proliferação de caramujos-gigantes africanos, praga urbana e rural que surge todos os anos, ataca jardins e hortaliças e pode provocar doenças nos seres humanos.
Já foram registradas mortes de pessoas por diferentes doenças provocadas pelo caramujo e, segundo a Coordenadoria de Controle de Zoonoses e Pragas Urbanas de Maringá, a praga ressurgiu em um momento em que pode contribuir para o aumento de casos de dengue.
Desde novembro, a Secretaria Municipal da Saúde é informada do surgimento de caramujos em vários bairros, mas houve uma intensificação nesta semana, com os moluscos sendo encontrados em grandes quantidades até no centro da cidade.
O problema já atinge mais de 60 bairros, e diariamente pelo menos uma dezena de telefonemas chega ao Controle de Zoonoses pedindo informações sobre como controlar os caramujos.
Quando é no quintal, fica mais fácil controlar, mas quando se trata de uma chácara ou sítio o controle fica quase impossível, comentou a coordenadora do CCZ, médica-veterinária Marilda Fonseca de Oliveira.
O único meio de controlar as infestações por caramujos é manualmente, juntando um por um e colocando em um recipiente, uma lata, por exemplo.
Depois, os caramujos são amontoados e mortos com fogo.
O professor de Zoologia, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Fábio Amodeu explicou que o caramujo-gigante africano foi introduzido no Brasil há vinte anos como uma versão do escargot, mas depois descobriu-se que a espécie não era comestível e transmite doenças.
Com isso, as centenas de criadouros instalados em chácaras e fazendas foram abandonados e o molusco foi para a natureza e proliferou a ponto de fugir ao controle.
Ele é hermafrodita e cada um é capaz de colocar até 400 ovos por postura e ter até cinco posturas por ano. Sendo assim, cada animal pode colocar cerca de dois mil ovos por ano.
A coordenadora do CCZ lembra que o controle manual pode ser uma oportunidade para a transmissão de doenças, principalmente o verme Angiostrongylus cantonensis, causador de um tipo de meningite conhecido como meningite eosinofílica.
No ano passado, algumas pessoas morreram no Estado do Espírito Santo vítimas dessa doença, lembra ela.
É necessário que a pessoa proteja as mãos com luvas descartáveis ou sacolinhas plásticas antes de manusear os caramujos, explica.
Outro risco provocado pelo surgimento da praga nesta época do ano é o de as conchas servirem de criadouros do mosquito da dengue.
A dona de casa Célia Fernandes, moradora na Vila Operária, disse que em terrenos baldios próximos à casa dela são encontrados milhares de caramujos africanos, principalmente nos locais em que foi amontoado lixo. Depois das chuvas, as conchas velhas ficam cheias de água.
Os caramujos em geral gostam de locais úmidos e sombreados, por isso são encontrados em grandes quantidade nos terrenos baldios em que possa haver acúmulo de galhos, restos de poda, folhas, madeiras e também restos de construção, em especial, os tijolos furados, diz Marilda Fonseca.
Quando o molusco morre, o caracol pode ficar virado e encher-se com água de chuva, tornando-se criadouro para o mosquito transmissor da dengue.