Aulas voltaram na maioria das instituições de ensino superior, mas na UEM deve acontecer no dia 2. Mesmo pacífico, trote pode conduzir à violência
Antes de se matricular no primeiro ano do curso de
Fisioterapia, no Centro Universitário de Maringá (Cesumar), Jéssica Louise
Moraes Marques, 18 anos, fez uma pergunta à atendente. Acontece trote violento
nos primeiros dias de aula?
A resposta, negativa, fez a caloura
descartar a chance de não comparecer na semana inaugural do ano letivo. Se
fizessem comigo o que fizeram com aquele estudante do Estado de São Paulo (ela
se refere ao calouro de medicina veterinária Bruno Ferreira, que foi agredido e
entrou em coma alcoólico há duas semanas), desistiria de estudar na instituição
também.
No Cesumar, na Faculdade Maringá e na Universidade Estadual de
Maringá (UEM), os trotes violentos são raros. Pelo menos dentro dos câmpus. No
caso da UEM, a pró-reitora de ensino, Edinéia Regina Rossi, diz que é raro
flagrar trotes, porque os vigilantes realizam monitoramento nas dependências da
instituição.
Contudo, fora do campus, a universidade não tem autorização
para agir, muito embora conte que ela mesma já foi orientar estudantes que
estavam praticando trote em um barzinho próximo à UEM.
Há quatro anos
realizamos campanhas de conscientização para acabar com o trote, ela explica.
Disponibilizamos um número telefônico gratuito, o Disque-Trote, para que os
alunos possam denunciar a prática.
Segundo informações do DCE, um dos
trotes mais comuns é o consumo de bebidas alcoólicas, mas não há registro de
problemas graves. Um acadêmico relata que, quando chegou à universidade,
enfrentou trote com bebida, banho de lama e outras brincadeiras, mas nada que
envolvesse violência.
Na UEM, os estudantes que são pegos envolvidos com
trote violento podem ser penalizados. A pró-reitora diz que eles podem receber
uma advertência ou suspensão ou até responder criminalmente, em casos graves.
O procedimento que adotamos é a abertura de uma sindicância para
comprovar o trote e, dependendo da gravidade, aplicar sanções. Para Edinéia,
muitos trotes violentos começam como brincadeiras, mas os alunos acabam perdendo
o controle, gerando conseqüências sérias.
No caso do Cesumar, uma
portaria da reitoria de 2003 proíbe o trote dentro da instituição e nas
imediações, sob a punição de suspensão de uma semana dos acadêmicos
envolvidos.
A diretora de ensino do centro universitário, Solange Lopes,
afirma que, nos primeiros dias de aula, seguranças ficam atentos a qualquer
movimentação dentro ou fora do campus. Se a prática é flagrada, eles
agem.
Nunca aconteceu, mas estamos alertas. Na Faculdade Maringá,
ocorre o mesmo. A assessora de comunicação, Viviane Covalski, diz que é proibido
e que não há um caso sequer de violência registrado.
Embora não haja um
caso emblemático no município, o auxiliar de comunicação social do 4º Batalhão
de Polícia Militar, sargento Argemiro Mendes Ferreira Junior, alerta que
qualquer pessoa que flagrar situação vexatória ou que coloque em risco a
integridade física de outra pessoa, assim como as próprias vítimas, deve
solicitar a presença de policiais, a fim de evitar casos semelhantes ao do
estudante de medicina veterinária em São Paulo. Os agressores terão de
responder por tudo o que fizerem, diz.
Em relação aos pedágios -
quando calouros abordam motoristas nos semáforos para pedir dinheiro, com o
objetivo, na maioria das vezes, de comprar bebidas alcoólicas -, nem mesmo a
Secretaria dos Transportes pode intervir.
A Prefeitura de Maringá
informa que os agentes de trânsito são orientados a conversar com os estudantes,
a fim de alertá-los para os riscos de andar entre os veículos à espera do sinal
verde.