Constatação é de três instituições de Ensino Superior: somente uma em cada quatro mães maringaenses amamenta corretamente os filhos. Secretaria de Saúde está preocupada
Um estudo feito por enfermeiras da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Pontifícia Universidade Católica (PUC) e Uningá com crianças de um ano de idade, todas de Maringá, mostra que a alimentação oferecida a elas está distante do preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que defende a amamentação no peito exclusiva até os seis meses de vida.
De acordo com o levantamento, realizado em agosto de 2004, apenas 25,3% das mães maringaenses seguem a orientação. Apesar de decorridos cinco anos, o número é o mais recente à disposição dos profissionais da área.
A pediatra e vice-presidente do Comitê Municipal de Aleitamento Materno, Paula Sabioni, revela que a Secretaria de Saúde planeja atualizar a informação em pesquisa a ser feita este ano.
Por enquanto, a Secretaria levanta, entre as fichas de mulheres com filhos de até um ano atendidas nas unidades básicas de saúde, até que idade a criança mamou e por quanto tempo o leite materno foi exclusivo.
Segundo a enfermeira Luciana Olga Bercini, professora da UEM e uma das envolvidas no estudo, a prática da amamentação é influenciada por vários fatores, entre os quais a assistência pré-natal, a falta de preparo dos profissionais da saúde, o alto índice de cesáreas e a não colocação do bebê para amamentar na primeira hora de vida, ainda na sala do parto.
Do lado da mulher, devemos levar em conta as crenças, mitos e tabus relativos ao aleitamento e a falta de apoio, destaca Luciana.
Volta ao trabalho
A volta ao trabalho ao fim da licença-maternidade é outro obstáculo ao aleitamento, interrompido tão logo a criança é levada à creche. Por esta razão, o comitê colocará em prática este ano um projeto desenvolvido com as lactaristas dos centros municipais de Educação Infantil.
Nosso desejo é que as mães ordenhem o próprio leite em casa. Na creche, ele será servido em copinhos para a criança, dificultando o contato com a mamadeira, adianta a pediatra Paula.
A pesquisa também comprovou que a alimentação suplementar de cerca de 20% das crianças entre seis meses e um ano é inadequada, carecendo de zinco e ferro.
O problema da deficiência de ferro é vista em números: há falta de carne na papa salgada de 44,9% das crianças, e feijão para 26,9% delas.
Apesar das baixas taxas de aleitamento, a enfermeira Maria de Lourdes Teixeira Masukawa, que também participou do estudo, defende que nenhuma mulher deve se sentir inferior por não ter amamentado.
Juliana Daibert