Jovem de 15 anos ficou internada quatro dias antes de morrer; caso é autóctonede dengue hemorrágica. Em Maringá, pacientes podem não estar voltando para colher sorologia
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) confirmou na sexta-feira, 25, a segunda morte por dengue hemorrágica no Paraná. A paciente, de 15 anos, estava internada no Hospital Municipal de Foz do Iguaçu e apresentou os primeiros sintomas no dia 21 de abril.
Exames laboratoriais confirmaram que a doença foi contraída no próprio município, ou seja, o caso é autóctone.
Até 14 de abril, de acordo com o último boletim informativo divulgado
pela superintendência de Vigilância em Saúde da Sesa, entre os 314
casos de dengue confirmados até aquela data, em 240 deles a infecção
ocorreu no Estado.
Até ontem, na área de abrangência da 15º Regional de Saúde, 62 casos
positivos da doença haviam sido confirmados, enquanto 1.102 suspeitas
foram notificadas.
No Laboratório de Análises Clínicas (Lepac) da Universidade Estadual de
Maringá (UEM), que analisa as amostras sorológicas dos pacientes
atendidos pelas redes públicas estadual e municipal, 90 amostras foram
analisadas ontem à tarde.
De acordo com Dennis Bertolini, responsável pelo setor de virologia do
Lepac, 601 exames já foram feitos do início do ano até o dia 14 de
abril, sendo 314 somente de Maringá.
Os demais são das outras cidades que integram a regional. O chefe da
seção de Vigilância em Saúde da regional, Dirceu Vedovello, explica que
uma norma técnica do Ministério da Saúde estabelece que amostras de
sangue devem ser colhidas de todos os pacientes suspeitos de terem
contraído o vírus da dengue.
Pelos números do Lepac, fica claro que não é o que está ocorrendo. "Só
vêm para cá os pacientes que retornam ao sistema público para colher a
sorologia. Estou no final da linha, apesar da minha resposta ser
importante em razão do resultado", diz Dennis Bertolini, do Lepac.
Na avaliação de Vedovello, a diferença de números pode estar
relacionada com o hiato entre o início dos sintomas e o período correto
para a coleta, que se dá entre o 8º e o 10º dia após os primeiros
sinais de mal-estar.
A quantidade necessária de amostras para utilizar os kits de análise,
adequados a fazer 90 exames por vez, também é apontada por Vedovello
como uma das razões para a distância entre os números. "Pode ocorrer
dos exames ficarem represados, por alguns dias, no próprio
laboratório", diz ele.
No entanto, o chefe da seção de Vigilância em Saúde não descarta a
possibilidade do paciente não retornar à unidade de saúde para colher a
sorologia. "Reconheço que, em alguns casos, o paciente pode não ser
localizado pelas equipes de saúde."
De acordo com Rosângela Treichel, gerente de Vigilância em Saúde, a
notifi cação da suspeita é encaminhada para a vigilância
epidemiológica. "Aguardamos sete dias para a pessoa voltar na unidade
de saúde e colher a sorologia. Se não retornar, a unidade coloca os
agentes do Programa Saúde da Família em sua busca", diz ela.
Segundo Rosângela, a maior parte dos pacientes volta, mas é difícil ter
100% de retorno. "De fato, perdemos alguns pacientes", afirma.