"Com a bebida, o pessoal se aglomera e perde o controle." A afirmação é do tenente do 4º Batalhão de Polícia Militar (PM), Rodrigo dos Santos Pereira. Ele comandou, há uma semana, a operação na Zona 7 que resultou, mais uma vez, na dispersão dos jovens que, toda quinta-feira, promove arruaças no entorno da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Lá, são comuns o consumo excessivo de álcool e drogas e som alto.
O tenente apóia o projeto que restringe a venda de bebidas alcoólicas
próximo a instituições de ensino superior em Maringá. "Com a
aglomeração de pessoas, o uso e o comércio de drogas são facilitados.
"Se fosse só uma reunião de amigos, sem bebida, não haveria uma
movimentação tão grande, e a comercialização do tráfico de drogas na
região não seria tão descarado", diz o tenente.
O tenente destaca que a criminalidade seria outro ponto que diminuiria
sensivelmente na Zona 7, já que, com o menor acúmulo de pessoas nas
ruas, roubos e furtos seriam mais facilmente identificados e
controlados. "Diminuindo a droga, cai a aglomeração de pessoas,
diminuem o movimento, os roubos e furtos, o que vai ser positivo para a
sociedade em geral", argumenta Pereira.
Quando questionado se 150 metros não seria uma distância muito pequena
para a proibição, já que estabelecimentos um pouco mais distantes
poderiam comercializar bebidas alcoólicas sem restrições, o tenente foi
enfático: "Pode ser pouco, mas já é um começo. Ter uma medida, uma
expectativa, é melhor do que nada. Com certeza já vai ajudar bastante".
Rodrigo dos Santos Pereira ressalta ainda que a população da Zona 7 tem
elogiado o trabalho da polícia na região, e cobrado cada vez mais a
atuação no bairro. "Depois que a gente começou a fazer as operações, os
moradores já afirmaram que houve uma grande melhora. Por isso, as
operações vão continuar. Sem violência e agressões, mas de forma
repressiva."
O presidente da Associação de Moradores do Jardim Universitário,
Fernando Alves dos Santos, também apóia o projeto da Câmara, mas afirma
que apenas essa medida não será suficiente para melhorar a situação de
muvucas na região. "Isso vai ajudar, mas é preciso mais do que isso,
porque a situação só fica aceitável com a presença da polícia", ele
destaca.
A Zona 7 é um bairro incomum, conforme o líder comunitário, por contar
com muitas residências e estabelecimentos comerciais. E delimitar 150
metros do portão principal da UEM para proibir a venda de bebidas pode
significar a migração das pessoas que hoje causam transtornos para
outros locais. "Antes, o problema era em outros pontos do bairro;
depois de alguns acordos, a bagunça veio para a rua Mário Urbinatti e a
Paranaguá. O ideal seria controlar o horário da venda das bebidas até
um certo horário da noite, aí o problema chegaria a um fim em todas as
partes do bairro."
Para Fernando Alves dos Santos, tanto a qualidade do ensino quanto a
forma como o bairro é visto em Maringá e em cidades vizinhas vão
melhorar com a proibição da venda de bebidas alcoólicas no entorno da
UEM.
O presidente da Associação de Moradores sugere também um maior cuidado
da Prefeitura Municipal na hora de conceder alvarás para abertura de
bares na região. "A gente pede, aí o problema tem que começar a ser
resolvido lá de cima, do poder público. Não dá só para ficar cobrando",
explica Santos.