Para entender melhor como a tradição se transforma em patrimônio cultural imaterial é preciso antes compreender quais são os critérios de classificação.
A professora do Departamento de História da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Sandra Pelegrini, escreveu o livro "O que é patrimônio cultural imaterial" em parceria com Pedro Paulo Funari.
Sandra é pós-doutora em História Social e explica que o reconhecimento do valor da tradição e dos saberes populares é recente, por isso pouca gente ouviu falar do tema.
A legislação que viabiliza projetos de identificação, reconhecimento, salvaguarda e promoção da dimensão imaterial do patrimônio cultural tem apenas oito anos. O Programa Nacional do Patrimônio Imaterial (PNPI) surgiu pelo Decreto nº 3.551, de 4 de agosto de 2000.
A professa explica que a percepção de que a tradição e as práticas da cultura deveriam ser tratadas como patrimônio começou nos países em desenvolvimento. Em busca da cultura genuína de cada nação, os líderes perceberam que ela estava além de documentos e edificações.
Sandra explica que na realização do livro fez muitas entrevistas e as pessoas sequer se dão conta da importância sócio-cultural de seus hábitos e costumes.
"Quando publicamos a primeira edição, por exemplo, não haviam sido reconhecidos o samba do Rio de Janeiro, o modo de fazer o queijo de Minas e a capoeira", diz.
Ela avalia a criação de legislação específica como uma promessa de permanência dessas tradições.