Vinicius Urbano 01 vencedor 6o.Premio MapBiomas 2024 1Além do certificado de 1º lugar, Vinícius Urbano ganhou R$ 10 mil e um curso de geoprocessamento

Fotos: Ton Molina/Divulgação 

Com projeto inovador, o egresso do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Vinícius de Andrade Urbano, conquistou o 1º lugar da categoria Jovem da 6ª edição do Prêmio Mapbiomas. A categoria revela pesquisadores da graduação ou recém-formados, como é o caso de Urbano, diplomado com láurea acadêmica em fevereiro deste ano. “Não esperava ganhar prêmio com essa pesquisa, mas para mim representa a valorização de toda a dedicação e empenho de cerca de um ano e meio de estudos”, avalia. 

Além do certificado de vencedor do Prêmio, Urbano ganhou uma assinatura anual da Revista Ciência Hoje Digital, uma bolsa para realização de um curso de geoprocessamento de imagens de satélite, utilizando Google Earth Engine, promovido pela Solved, e a produção de um vídeo curto de até dois minutos sobre o trabalho vencedor. 

O tema da pesquisa foi ‘O uso humano da terra provoca mudanças na estrutura trófica de peixes em zonas úmidas neotropicais’. “No meu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), investiguei qual a escala de efeito do uso humano da terra sobre a estrutura trófica de peixes em 34 lagoas de quatro importantes planícies de inundação brasileiras: a Planície do Alto Rio Paraná, do Pantanal, do Araguaia e da Amazônia”, detalha. 

 

Vinicius Urbano 02 vencedor 6o.Premio MapBiomas 2024 

Segundo Urbano, ele fez análise de seis tamanhos de bordas ao redor das lagoas, com raio de 100, 200, 500, 1.000, 2.000 e 5.000 metros. “Eu quis entender qual a escala ao redor das lagoas em que o uso humano impacta mais os peixes, para entender qual seria o melhor tamanho de mata ciliar para proteger a biodiversidade desses ambientes. Minha conclusão foi de que boa parte das margens das lagoas está ocupada por atividades humanas, o que diminui a porcentagem de vegetação natural ao redor dessas áreas, que é a principal fonte de energia dos peixes. Também conclui que a escala do uso da terra que mais influencia os consumidores é a escala de 5.000 metros, possivelmente devido à complexa dinâmica de planícies de inundação, que alaga grandes áreas. Assim, este tamanho de mata ciliar é o melhor para proteger a biodiversidade desses ambientes.” 

Urbano foi orientado pela professora Evanilde Benedito, do Departamento de Biologia (DBI). Segundo ela, o jovem cientista aproveitou todas as oportunidades que teve, conseguindo cinco bolsas de iniciação científica. “Ele estagiou desde o primeiro ano da graduação no meu Laboratório de Ecologia Energética, no Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aquicultura (Nupélia). Isso possibilitou a ele uma formação bem completa, já teve dois artigos publicados, um está no prelo e outros ainda em fase de avaliação. O perfil dele é ímpar e o diferencial do TCC dele é que explorou as mudanças do ecossistema do Rio Paraná decorrentes do uso da terra. Ele mapeou todo o entorno, trabalhou arduamente com essas dimensões, avaliando distâncias da margem do rio e utilizando os isótopos estáveis de carbono presentes nos músculos dos peixes, para verificar de onde vinham os recursos e quais eram os efeitos desse entorno sobre esses isótopos. Foi um trabalho bem completo que garantiu a ele o primeiro lugar nessa categoria de jovem cientista. Realmente ele é um estudante brilhante, que a UEM auxiliou na formação de forma muito efetiva”, frisa a orientadora. 

O jovem pesquisador acredita que a premiação veio pelo ineditismo do estudo. “O diferencial do trabalho foi achar uma escala que é mais importante para a conservação, pois existem inúmeros trabalhos que mostram o impacto das atividades humanas ao redor de ambientes aquáticos sobre os animais, mas encontrar a escala que tem maior impacto foi a principal inovação.” 

Urbano está seguindo carreira acadêmica. Hoje ele faz mestrado em Ecologia Aplicada na Universidade Federal de Lavras (UFLA), em Minas Gerais. “Continuo trabalhando com o impacto do uso humano da terra sobre comunidades aquáticas e pretendo seguir carreira como pesquisador. Apesar de ser de Nova Esperança, município próximo à Maringá, resolvi vir para a UFLA para ampliar a minha rede de contatos, conhecer novos pesquisadores e pesquisar em novos ambientes”, finaliza. 

Urbano também contou com a coorientação do professor Gustavo Henrique Zaia Alves, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). 

O estudo teve como base o projeto "Planície de Inundação do Alto Rio Paraná (PIAP)" desenvolvido pelo Programa de Pesquisa Ecológica de Longa Duração (PELD) com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e sua realização contou com o apoio logístico do Nupelia da UEM. Durante o período de estudos, Urbano recebeu bolsa de iniciação científica do CNPq e Fundação Araucária (FA).  

Prêmio MapBiomas 

A 6ª Edição do Prêmio MapBiomas anunciou os oito pesquisadores vencedores, em 21 de agosto, durante o 9º Seminário Anual do MapBiomas – Brasil em Transformação: Uso da Terra e os Riscos Climáticos, em Brasília. Neste ano, foram 193 trabalhos concorrentes – recorde de inscrições. Os trabalhos concorreram em seis categorias: Geral, Jovem, Destaque Aplicações em Políticas Públicas, Destaque Aplicações em Negócios, Aplicações em Escolas e Ações de Combate ao Desmatamento. Ao todo, os vencedores receberam um total de R$ 80 mil em prêmios. 

Em parceria com o Instituto Ciência Hoje, o Prêmio MapBiomas visa estimular aplicações e trabalhos que utilizem dados de qualquer módulo ou iniciativa MapBiomas, incluindo iniciativas de outros países, e de diferentes produtos, como o MapBiomas Alerta, MapBiomas Fogo, MapBiomas Água, MapBiomas Solo.  

Mais informações: 

>>> Resultado da premiação, acesse este link 

>>> Projeto de Mapeamento Anual do Uso e Cobertura da Terra no Brasil, acesse o MapBiomas

>>> Iniciativas do MapBiomas, acesse este link