O objetivo é captar os recursos necessários à concretização de diferentes iniciativas e planejar o envolvimento de outras Universidades
A Superintendência de Ciência Tecnologia e Ensino Superior (Seti) e as universidades estaduais de Maringá e Cascavel se reuniram, na segunda-feira (6), para discutir a composição de uma força tarefa de criação do “Hub de Projetos Estratégicos e Inovação em Saúde”. A proposta é tornar o Paraná protagonista entre produtores de tecnologias que possam enfrentar situações emergenciais de saúde pública.
A demanda, segundo o coordenador de Ciência e Tecnologia da Seti, Paulo Parreira, surgiu de diferentes conversas sobre a expertise de pesquisadores das universidades estaduais, especialmente, com a Universidade Estadual de Maringá (UEM) e com a Universidade do Oeste do Paraná (Unioeste), que tem o câmpus sede em Cascavel.
“Pesquisadores e professores me contaram que vinham produzindo tecnologia em telemedicina e de manutenção de equipamentos de saúde, por meio de impressão 3D. Outra dupla de pesquisadoras me apresentou os limites de desenvolvimento de pesquisas sobre vírus pela falta de um laboratório com os níveis de segurança adequados. Essas conversas se tornaram coletivas e, por meio do apoio de pessoas da administração destas universidades, foi proposta a criação deste Hub. A ideia é que a gente organize essas ações, descrevendo o que vem sendo feito e o que precisa ser realizado, para que comecemos a captar os recursos necessários à concretização de diferentes iniciativas, além de envolver as outras Universidades paranaenses nas próximas etapas”, explicou Paulo Parreira.
Na reunião ficou definido, então, que o Hub vai começar com projetos de três frentes. A primeira é a viabilização de um Laboratório de Nível NB3, que vai proporcionar um avanço das pesquisas das professoras Márcia Consolaro e Tânia Ueda Nakamura sobre vírus. “Precisamos de investimento para que possamos ter condições de manipular vírus em um ambiente seguro e realizar pesquisas que permitam desenvolver medicamentos, por exemplo, no combate a eles. Não só o coronavírus, mas os vírus que provocam a dengue e a Zika”, explicou a professora Tânia.
Outra frente são os projetos dos professores Luciano Andrade e Linnyer Ruiz Aylon que têm como foco tecnologias em telemedicina. Ambos possuem diferentes propostas de software que podem contribuir para o atendimento remoto de pacientes. Na mesma linha, ainda na UEM, há o projeto do professor Ivair Aparecido dos Santos, do Departamento de Física, em parceria com o curso de Medicina da Universidade, que já teve dois produtos testados pelo Laboratório de Habilidades do Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM): um modelo de oxigenador que funciona com modo de ventilação não invasiva, e um protótipo de ventilador mecânico (foto no topo da matéria), como várias modalidades para ser utilizado em pacientes com insuficiência respiratória em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
O Hub ainda planeja buscar recursos para investir na ampliação do Centro de Impressão 3D, da Unioeste. O grupo produz peças para consertos de equipamentos hospitalares visando o enfrentamento da Covid-19. A ideia é impulsionar as atividades entre a Universidade, governo e as empresas regionais, disse o coordenador geral do Núcleo de Inovações Tecnológicas (NIT) da Instituição, Selmo José Bonatto. "A grande vantagem da impressão 3D é a descentralização logística da cadeia de fornecimento de produtos, que é altamente concentrada e dependente de alguns países chave para a produção destes componentes e equipamentos”, destaca Bonatto, que tem como parceiro o professor Reginaldo Ferreira Santos.
Os organizadores do Hub são o coordenador de Ciência e Tecnologia da Seti, Paulo Parreira; o assessor da coordenadoria de Ciência e Tecnologia da Superintendência, Marcos Pelegrina; e o diretor de Pesquisa da UEM, Luiz Fernado Cótica. Este último destacou a importância de se buscar a relação da Universidade com a iniciativa privada. “Esta é uma das ações mais importantes deste grupo. Já contatamos a Software By Maringá, por exemplo, que se mostrou aberta a ser parceira de diferentes projetos”, anunciou o professor da UEM.
Outra articuladora da iniciativa, a pró-reitora de Extensão e Cultura da UEM, Débora Sant’ Ana, disse que está “animada com as definições da reunião. As universidades têm as competências e as pessoas, e a Seti nos sinalizou que tem condições de buscar os recursos, sejam públicos ou da iniciativa privada. Isso nos dá a certeza de que esse movimento de apoio à inovação em saúde vai virar realidade”.