Universidade opta pela medida de compensação imediata do dano causado pelo corte realizado sem autorização
Após a denúncia do corte irregular de árvores nos arredores dos Blocos G-56 e H-57, a UEM decidiu repor as árvores antes mesmo de apuradas as responsabilidades pela derrubada e realizou o plantio das mesmas espécies de foram retiradas, que incluem árvores mais valiosas como o pau-brasil e pau-marfim, que inclusive sofre risco de extinção.
A iniciativa foi realizada nesta sexta-feira de manhã (1º/02), acompanhada pelo engenheiro Rodrigo Mazia Enami, assessor da Prefeitura do Câmpus, autor da ideia. Ele sugeriu o plantio de doze árvores, duas a mais das que foram cortadas, e a proposta recebeu a aprovação da Reitoria. “Mesmo sabendo que a UEM não é responsável pelo corte, estamos propondo uma medida de compensação imediata, numa tentativa de amenizar o impacto gerado”, fala o engenheiro.
A denúncia sobre o corte foi encaminhada pela professora Maria Auxiliadora Gutierre, do Departamento de Biologia. Ela conta que na volta das férias viu que as árvores não estavam mais no local e procurou a Prefeitura para esclarecimentos. Na sexta-feira da semana passada ela formalizou a denúncia para o Comitê Gestor Ambiental.
Elenice Tavares Abreu, assessora para Gestão Ambiental da Universidade, explica que foi a partir da denúncia que a gestão tomou conhecimento do problema. Segundo a assessoria, a área não é de grande circulação, especialmente durante o período de recesso de fim de ano, quando provavelmente ocorreu o fato.
Elenice adiantou que a Reitoria está nomeando uma comissão para apurar responsabilidades. Embora não existam câmeras de vigilância na área específica onde ocorreu o corte, as imagens de uma câmera instalada nas proximidades pode ajudar na apuração. “São muitas imagens e não se sabe quando ocorreu o fato, mas o levantamento deve ser feito”, disse ela.
O engenheiro da PCU reforça que os cortes não foram autorizados pela Prefeitura do Câmpus e que o setor não realiza e nem autoriza derrubada, poda ou corte de árvores sem o atendimento de critérios técnicos e respeitando o que a legislação ambiental determina. Ainda segundo Rodrigo Enami, qualquer pedido de retirada, plantio ou poda deve ser encaminhado ao Parque Ecológico da UEM, que é ligado à PCU. “O setor avalia a demanda e toma as providências cabíveis”, explica o engenheiro.
A professora Maria Auxiliadora Gutierre lamenta o ocorrido e diz que o corte colocou abaixo muitas árvores que eram utilizadas para suas aulas práticas de botânica. “Eram árvores adultas, sadias e muitas com mais de 20 ou 30 anos de idade”, explica. Convidada a participar da ação, ela, ajudou a indicar os locais para o plantio das mudas que foram encaminhadas pelo Parque Ecológico.
As espécies retiradas e replantadas
As espécies plantadas hoje são as mesmas que foram retiradas, incluindo, além do pau-brasil e do pau-marfim já citados, sabonete-de-soldado, pinheiro-bravo, ipê-roxo, ipê-amarelo, jatobá, entre outras nativas.
Elas foram fornecidas pelo Parque Ecológico da UEM, que conta com um viveiro que produz milhares de mudas por ano, por meio de propagação por sementes, estaquia e divisão de mudas. Parte das sementes é colhida no próprio câmpus, inclusive de mognos, eritrina, jaracatiá, que são espécies raras na região.
Mas também são produzidas espécies diversas, com ênfase às nativas, para fins de reflorestamento, arborização e paisagismo. Destacam-se a peroba-rosa, ipês, pau-d´alho, canafístula, tapiás. Parte dessas mudas são utilizadas no próprio câmpus da Universidade. O plantio é feito com planejamento e acompanhamento de um engenheiro agrônomo.
Só este ano já foram plantadas 48 árvores no câmpus de Maringá, além do plantio das 12 mudas nesta sexta. Outras 20 deverão ser plantadas ainda este mês, segundo Adenilson Neves da Silva, coordenador do Parque Ecológico.