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Segundo a pesquisa, os resíduos também têm boa qualidade e alto rendimento, podendo agregar valor à cadeia produtiva 

Um trabalho conduzido por pesquisadores da área de Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá (UEM), provando ser possível o aproveitamento dos resíduos de filetagem do Pirarucu como matéria prima de primeira qualidade, foi capa da nova edição da revista Panorama da Aquicultura, uma das principais publicações do gênero no Brasil.

Coordenada pela professora Maria Luiza Rodrigues de Souza, com a participação de duas alunas de doutorado e uma de mestrado, a pesquisa aponta o caminho para o processamento de partes descartadas do peixe, como a cabeça, espinhaço com nadadeiras, pele com escamas e as vísceras.

Os resíduos representam 56% do peso do filé do Pirarucu, peixe de carne branca e sabor suave. Publicado a partir da página 50, o artigo sobre a pesquisa relata que estes resíduos são capazes de gerar outros coprodutos por meio da aplicação de novas tecnologias, visando melhorar a sustentabilidade da cadeia produtiva.

As pesquisadoras também mostram como se dão estas transformações e revelam como os produtos processados tornam ainda mais atraente a criação do Pirarucu. Elas concluem o artigo dizendo que, além da opção de se agregar mais valor à cadeia produtiva da espécie com o aproveitamento correto dos resíduos, as carcaças e as cabeças podem, mediante os cuidados como a higiene e o uso da baixa temperatura, ser utilizadas para a produção de farinhas destinadas ao consumo humano com excelente qualidade nutricional e microbiológica. 

As farinhas elaboradas despontam como produto para a inclusão em inúmeros alimentos de baixo valor nutricional, segundo as autoras do estudo, o que proporciona “o seu enriquecimento devido ao elevado padrão biológico da proteína, minerais, lipídeos, com excelente qualidade de ácidos graxos polinsaturados”.

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Sem falar no fato de que os resíduos gerados ganham um destino mais nobre e ecologicamente adequado, evitando principalmente a questão de impacto ambiental decorrente do indevido descarte desses resíduos, acrescentam.

O trabalho da professora e das quatro pós-graduandas envolve um peixe da bacia amazônica, típico dos lagos de várzeas e florestas inundadas. Ele pode atingir até 200 quilos e três metros de comprimento, chegando ao peso de abate comercial em torno de 12 quilos.

É de reconhecida qualidade nutricional e alto rendimento de filés, além do mencionado expressivo percentual de resíduos no beneficiamento. Por esta razão, segundo reforça o editor da revista, Jomar Carvalho Filho, no editorial da edição, o Pirarucu cada vez mais tem despertado o interesse dos piscicultores.

Jomar também é biólogo e aproveita para informar que a presente edição, de número 177, está circulando apenas na forma digital, pois a pandemia do novo Coronavírus tornou inviável a impressão e a distribuição dos exemplares neste momento.

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A professora Maria Luiza, coordenadora da pesquisa, dá aulas para o curso de graduação e para o Programa de Pós-Graduação em Zootecnia (PPZ). Também colaboraram e assinam o trabalho as doutorandas Stefane Santos Corrêa e Melina Franco Coradini, e a mestranda Gislaine Gonçalves Oliveira, todas alunas do PPZ.

O texto está publicado com o título "Processamento do Pirarucu: um peixe cada vez mais procurado pelos piscicultores". O estudo rendeu, na capa, a manchete principal “Pirarucu: um peixe de excelente qualidade nutricional, alto rendimento de filés e bom percentual de resíduos no beneficiamento”.

A Revista

No site da publicação, a revista diz ser a única do Brasil que trata a criação de organismos aquáticos de maneira exclusiva. Tem como público alvo o profissional da aqüicultura.

Com periodicidade bimestral, Panorama da Aquicultura apresenta as tendências do setor, as novidades em tecnologia, e de que forma elas influenciam a condução dos aquinegócios.

Elaborada por uma equipe especializada em cada área, possui conteúdos editorial e publicitário próprios de empresas que atuam exclusivamente no segmento, e se evoca a condição de líder absoluta na sua área de atuação, responsável pela democratização da informação técnica em todo o País.

A revista tem 30 anos, é citada como referência em inúmeros trabalhos acadêmicos e não é vendida em bancas. Além das matérias principais, reúne notícias e negócios, lançamentos editoriais e o Calendário Aquícola, onde são divulgados cursos, congressos, workshops e seminários nacionais e internacionais.

Fotos: divulgação