aberturaOs formandos são de 26 cursos das áreas das Ciências Agrárias, Exatas, Saúde, Humanas, Letras e Artes

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Em clima de festa, a UEM (Universidade Estadual de Maringá) realizou, na sexta-feira (6/3), a segunda cerimônia de Colação de Grau Conjunta, encerrando a entrega de certificados aos formandos dos cursos ofertados no câmpus de Maringá. Com a arena coberta do Parque de Exposições Francisco Feio Ribeiro completamente lotada, a solenidade reuniu formandos e familiares, autoridades acadêmicas e políticas e representantes de associações e sindicatos.

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Momento da entrada do reitor, do vice-reitor e dos coordenadores de curso

Foram entregues 749 certificados aos neograduados de 26 cursos das áreas das Ciências Agrárias, Exatas, Saúde, Humanas, Letras e Artes. 28 receberam a láurea acadêmica, que é uma distinção conferida aos alunos que concluem o curso com, pelo menos, dois terços de todas as disciplinas com nota nove ou mais.

Paraninfo

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Delton Aparecido Felipe, paraninfo: entrada ao lado da mãe e discurso emocionante

Um dos momentos marcantes da noite foi o discurso do paraninfo geral, professor Delton Aparecido Felipe, do Departamento de História. Intelectual negro, comprometido com a luta antirracista e suas interseccionalidades, como ele mesmo se descreve, Delton Felipe marcou sua luta política logo na entrada, ao ocupar o lugar na mesa de honra do evento. Em uma atitude incomum, o professor atravessou a arena de braço dado com a mãe, Teresa Fátima Felipe, honrando assim sua ancestralidade, ao mesmo tempo que dava mostras da luta contra o racismo. “Uma mulher preta, pobre e que durante anos trabalhou como boia-fria”, disse o paraninfo, referindo-se à mãe.

Referências a etnias, gênero, classe social, entre outros marcadores de diferença, também constaram no pronunciamento do professor. “Acredito que a caminhada se faz no coletivo”, disse. Destacando a trajetória de algumas minorias, o paraninfo exaltou a capacidade de luta por uma sociedade mais igualitária. Citou o número de indígenas que colaram grau naquela noite (foram sete), fato que, segundo Delton Felipe, é uma prova de que apesar de toda a pressão que sofrem, eles são resistência.

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Marco histórico: maior número de formandos em uma única cerimônia

O paraninfo também destacou a recente validação de cotas raciais para negros. “Ao aprovar cotas para alunos e alunas pretos, a UEM me diz que vidas negras importam”, comentou.

Com uma pitada de bom-humor e posicionamentos políticos firmes, o paraninfo terminou o discurso com uma série de conselhos aos neograduados. A lista continha desde “nunca contrarie alguém do signo de áries” até “não confunda justiça social com comunismo”. Ao final, Delton Felipe foi aplaudidíssimo.

Indígenas

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Os sete formandos indígenas posam para a foto oficial 

Marcante também foi a colação dos sete indígenas que, já com os devidos diplomas em mãos, foram convidados a se posicionarem à frente para uma foto oficial. Foi um momento de emoção geral que culminou com um abraço coletivo entre os sete neograduados.

Adriano da Silva, 34 anos, foi o primeiro indígena da etnia Xetá a concluir um curso de graduação em uma universidade pública do Paraná. Casado, pai de três filhos e morador na Terra Indígena São Jerônimo, ele formou-se em História. Optou pela modalidade a distância, pelo polo de Assaí.

Ele conta que já havia iniciado o mesmo curso em outra instituição mas acabou desistindo pela distância e dificuldades de locomoção. “Em 2015 iniciei História na UEM. O sentimento de estar me formando é algo que não consigo nem explicar. Mas sou grato pela UEM e aos meus professores e tutores por terem me acolhido”, diz o agora historiador. “Acho que consegui realizar o sonho do meu avô Tikuem Eratxo”, completa.

Ao ser questionado sobre escolha do curso, Adriano é direto na resposta. “O governador ainda não demarcou a Terra Xetá e com meus estudos quero tentar ajudar a minha etnia”.

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Os professores Hudson Siqueira Amaro e Isabel Cristina Rodrigues entregaram o diplona a Adriano da Silva

Sobre os Xetás

A professora Isabel Cristina Rodrigues, coordenadora do curso de História, explica que os Xetá são uma população que pode ser caracterizada “como índios emergentes, que buscam mecanismos para a revitalização cultural e a reorganização do grupo a partir da luta pela demarcação de seu território tradicional”

Segundo ela essa etnia quase foi extinta nas décadas de 1950 e 1960. Hoje a população é de pouco mais de 100 pessoas, distribuídas em cerca de 25 famílias, das quais cerca de 110 pessoas vivem na Terra Indígena São Jerônimo.

“Pode-se dizer que para os Xetás a educação é tida como uma das estratégias de luta política e a universidade é vista como parceira em suas lutas para reorganização enquanto grupo étnico”, afirmou a professora

Vale destacar que a turma de 2019 registrou nove formandos indígenas. Duas acadêmicas já haviam recebido o certificado em cerimônias antecipadas.

50 anos

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Ricardo Dias Silva: a UEM presente no cotidiano da população

As solenidades de colação de grau deste ano marcam as comemorações dos 50 anos da UEM. Na noite de sexta-feira, o vice-reitor Ricardo Dias Silva, presidente da Comissão Especial de Comemoração dos 50 anos, falou da criação da Universidade como resultado de uma luta conjunta da sociedade local, que lá no final da década de 1960, entendeu a relevância da cidade abrigar uma universidade pública.

Dias Silva também deu um panorama das conquistas e potencialidades da UEM, que hoje se destaca em muitos rankings pela qualidade do ensino e da pesquisa, respaldados pelos serviços prestados pela extensão e na área da saúde.

Em um exercício de imaginação, o vice-reitor citou a presença da UEM no nosso cotidiano, mesmo que muitas vezes não nos demos conta. Ao acordar e fazer a higiene pessoal, a água utilizada pode ter sido analisada em um dos laboratórios da UEM. O adoçante do café pode ser fruto do trabalho de pesquisadores da Universidade, o combustível que abastece o carro pode ter o selo de qualidade UEM. Esses foram apenas alguns dos muitos exemplos citados por ele.

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Julio César Damasceno: UEM já formou 72.894 profissionais

O reitor Julio César Damasceno também destacou a relevância da UEM que “com apenas 50 anos já alcançou feitos de universidades centenárias”. Salientou que a instituição foi criada para promover o desenvolvimento de uma região nova.

Falando diretamente aos formandos, o reitor citou o cenário de crise mundial, os conflitos e as questões ambientais e disse que neste contexto os formandos teriam a oportunidade de exercer posições proativas em benefício da sociedade.

Damasceno também lembrou que, com a entrega dos certificados da noite, chega-se a marca de 72.894 profissionais formados pela UEM. Só da turma de 2019 serão entregues 2.238 certificados.

 

mesa de honra

Detalhe da mesa de autoridades

 

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Camila Seganfredo, formanda de Biomedicina: oradora da turma

Próximas solenidades

Nos dias 12 e 13 de março, estão marcadas as cerimônias de colação de grau conjunta dos Câmpus Regionais de Goioerê e Ivaiporã, respectivamente. 

As solenidades também irão marcar as comemorações dos 50 anos da Instituição, que tem o patrocínio da Caixa Econômica Federal.