2018 12 21 Coletiva HUM CRM Intervencao MG 6223Uma das propostas é que o setor receba apenas pacientes de alta e média complexidade. Falta de médicos é o principal problema apontado pelo CRM-PR

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Após o recebimento do relatório do Conselho Regional de Medicina (CRM), com o indicativo de interdição ética do Serviço de Urgência e Emergência do Hospital Universitário Regional (HUM), a UEM (Universidade Estadual de Maringá) se manifestou, hoje (21/12), sobre o assunto.

Em uma coletiva à imprensa, o reitor e o superintendente do Hospital, respectivamente, Julio Damasceno e Vicente Kira, reforçaram que o indicativo se restringe ao pronto-socorro e explicaram que a principal questão levantada pelo Conselho é o número insuficiente de profissionais médicos e de enfermagem, o que gera sobrecarga e impossibilita o correto preenchimento das escalas de trabalho, além de comprometer qualidade do serviço prestado.

Damasceno concorda que a falta de pessoal é um problema grave que a UEM enfrenta hoje. Sem autorização do governo para abrir concurso público não há reposição das vagas.

A questão não é diferente no Hospital Universitário. No caso dos médicos, são 38 vagas que precisam ser preenchidas.  Considerando todos os cargos, como enfermeiros e técnicos de enfermagem, administrativo, fisioterapeuta, entre outros, o déficit sobe para 137.

Damasceno lembra que o último concurso realizado foi em 2014 e nele estão aprovados dez médicos que só aguardam a nomeação, uma vez que as demais etapas do processo de contratação já foram cumpridos.

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Da esquerda para a direita: Julio Damasceno, reitor da UEM, Vicente Kira e Esmeraldo Costa Filhoo superintende e diretor médico do HUM, e Ricardo Silva, vice-reitor

Grupo de Trabalho

Frisando a necessidade de nomeação destes dez médicos, bem como a realização de novos concursos para suprir as 38 vagas, o reitor disse que algumas negociações com o novo governo estão em andamento.

Outra medida encontrada pela direção do HUM é intensificar  as reuniões com o grupo de trabalho que foi formado, há cerca de um mês, exatamente para discutir o fluxo de atendimento médico-hospitalar  no pronto-socorro.

Em parte, o gargalo ocorre porque muitos pacientes que procuram o setor são casos mais simples que poderiam receber atendimento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) do município. É o que atesta o superintendente do HUM.

Considerando que o Serviço de Urgência e Emergência do HUM é referência no SUS (Serviço Único de Saúde) para os atendimentos de alta e média complexidade, Kira acredita que parte do problema estará solucionado se esse fluxo for respeitado.

O grupo de trabalho que discute o assunto tem a participação do secretário Municipal de Saúde, Jair Biatto, e de representantes da 15ª Regional de Saúde e do HUM.

35 leitos

A capacidade de atendimento no pronto-socorro do HUM é de 35 leitos, segundo o diretor médico, Esmeraldo da Costa Filho. No entanto, o setor recebe diariamente mais de  200 pessoas, ainda de acordo com o médico. Ele calcula que haveria uma redução de 70% nesse número, a partir da manutenção de atendimentos apenas de emergência e urgência de alta e média complexidade.

Credenciados

O HUM ainda conta, hoje, com 236 profissionais de diferentes áreas credenciados  com contratação direta, como estratégia para suprimir o déficit de pessoal. No entanto, trata-se de uma medida paliativa que não chega a resolver de todo o problema considerando que o profissional é quem determina sua disponibilidade de hora e dias trabalhados. Isto gera um problema para o gestor que precisa se adaptar a essa flexibilidade, dificultando o fechamento de escalas.

Além disso, o pagamento dos credenciados é um ônus para a Universidade, chegando a quase R$ 1 milhão por mês. Uma verba que poderia ser usada para compra de medicamentos e insumos para o Hospital, segundo o reitor. Só lembrando que o pagamento é feito por hora trabalhada.

Prazo

Na quinta-feira, dia  20 de dezembro, uma comitiva do CRM-PR esteve nas dependências do HUM para oficializar a instituição sobre o prazo de 120 dias para que sejam equacionadas as deficiências apontadas

Na ocasião, os conselheiros destacaram a qualidade do atendimento prestado no HUM, a despeito das vulnerabilidades indicadas. E que o ato indicativo de interdição se aplica somente ao Serviço de Urgência e Emergência do Hospital.

O pronto-socorro passou por fiscalização do CRM-PR no início de dezembro, que realizou duas visitas técnicas ao local para averiguação.

Lembrando que a administração central da Universidade vem se empenhando para conseguir a reposição do quadro de pessoal, Julio Damasceno diz que, no caso específico do HUM, o relatório entregue pelo CRM-PR é um instrumento importante de negociação com o novo governo. “Esperamos que ele seja sensível e nos ajude a equacionar a questão”, finalizou o reitor.