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Decisão considera a data marco histórico da luta em defesa da educação pública, laica e gratuita

Por iniciativa do Departamento de Teoria e Educação (DTP) e do Departamento de Fundamentos da Educação, o auditório do bloco I-12, câmpus da Universidade Estadual de Maringá (UEM), passou a se chamar "29 de Abril", numa referência ao "Massacre do Centro Cívico", como ficou conhecido o episódio ocorrido, em 2015, deixando mais de 200 pessoas feridas.

A Polícia Militar (PM) reprimiu a manifestação dos professores, funcionários e estudantes do Magistério e das universidades estaduais, que faziam protesto contra a reestruturação do Paraná Previdência. A proposta de reestruturar a instituição responsável pelo sistema previdenciário dos servidores era transferir cerca de 30 mil aposentados com mais de 73 anos do Fundo Financeiro, bancado pelo governo estadual, para o Fundo Previdenciário, formado por contribuições dos servidores e do Estado. 

Segundo os manifestantes, esta transferência iria gerar um déficit no Fundo Previdenciário, reduzindo a capacidade de o Paraná Previdência (formado pelos dois fundos) se manter estável. Apesar dos protestos, a proposta foi aprovada.

A solenidade que marcou a nomeação ao auditório, há alguns dias, reuniu diversas autoridades, entre elas a pró-reitora de Extensão e Cultura (PEC), Itana Gimenes.

"Podemos considerar que 29 de abril repetiu, em pior grau, o 30 de agosto de 1988. Pior porque, em 1988, estávamos ensaiando os primeiros passos da democracia após a ditadura militar. No dia 29 de abril de 2015, após 27 anos, considerávamos a vivência de um consolidado regime democrático, todavia, vivenciamos o contrário: um verdadeiro massacre, onde mais de 200 manifestantes foram feridos com bombas de gás lacrimogênio, spray de pimenta, balas de borracha, cassetetes, cachorros, jatos d’água...  Não há explicação política para tal massacre, conforme a matéria da Associação dos Professores do Paraná (AAP) (APP, 2015)", descreve a professora Silvia Pereira Gonzaga de Moraes, do DTP. 

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Segundo Silvia,"o motivo de os servidores públicos, em especial os trabalhadores em educação, entrarem em greve (direito do trabalhador) foi porque foram e são contrários à mudança no sistema de previdência dos servidores do Estado proposta pelo governado do Estado em 2015".

"Assim, ao nomearmos o auditório do Bloco I-12 como 29 de abril estamos dizendo e propondo a representação de que jamais esqueceremos o ocorrido nestes dois episódios, especificamente e, também, simboliza a luta constante dos trabalhadores, que, em 2015, foi encarnada pelos servidores públicos paranaenses em defesa dos seus direitos. Direitos adquiridos historicamente com muita luta", esclarece.

Ainda de acordo com a professora, "é importante registrar que marca um momento histórico importantíssimo no qual tivemos derrotas, mas mostrou a força dos trabalhadores por meio da luta organizada de resistência, a qual tem que permanecer. Assim, ao nomear o auditório do Bloco I-12 de 29 de abril a evocação continuará presente. Uma forma de o grito de resistência que é necessário permanecer em uma país regido pela desigualdade oriunda do sistema capitalista".

Silvia explica, ainda, que a nomeação do auditório se dá em nome "dos 200 e todos outros trabalhadores que lutaram, lutam e lutarão pelos direitos humanos" e que o auditório, ao ser batizado de 29 de abril, "constituirá em um instrumento simbólico e político em defesa pela educação pública, laica, gratuita e da melhor qualidade para todos os brasileiros. Não ficando apenas na memória, mas expresso nos espaços, nas ações de luta de cada um que passar pelo referido auditório 29 de abril".