aluno oriental

O tema foi abordado durante a recepção dos calouros para o ano letivo de 2018

A psiquiatra Maria Cláudia Bagatin esteve no Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM) fazendo uma palestra sobre a Saúde Mental dos Estudantes de Medicina. Formada em Medicina pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), em 2004, a doutora Cláudia cursou Residência Médica em Psiquiatria no HUM, entre os anos de 2005 e 2007. Além disso, especializou-se em Psiquiatria e Psicoterapia da Infância e Adolescência, em São Paulo.

Durante a palestra que ministrou para os calouros de medicina na semana de recepção dos alunos ingressantes em 2018, a psiquiatra disse que os estudantes dessa área são pessoas de risco. Eles vêm de um período de muito estudo para conseguir entrar na faculdade como a da UEM, que é uma das mais concorridas.

“Eles passam por um período de bastante estudo, de estresse prolongado, mesmo antes de entrar na faculdade. Depois, eles vão enfrentar outro período de estresse que é o curso de medicina em si, que demanda horas de estudo, uma cabeça lúcida e tranquila para lidar com o sofrimento humano, para atender o paciente, cuidar do paciente. É um curso muito difícil. Isso pode comprometer a saúde mental de alguns estudantes. Mas é possível enfrentar de forma tranquila essas situações se tivermos orientações adequadas”, alertou a doutora.

maria claudia

Para Maria Cláudia (foto acima), alguns sintomas podem apontar para o fato de que algum problema está se desenhando. Os estudantes podem apresentar dificuldade de sono e começar a usar substâncias para se concentrar melhor nos estudos como a Ritalina. Alguns começam a beber mais para relaxar ou usam drogas como a maconha ou outras substâncias ilícitas para esquecer um pouco o dia a dia, que é muito corrido. Para a doutora, esses são pontos que devem servir como alerta.

 Vulnerabilidade – A psiquiatra lembra, ainda, que existe um perfil de personalidade que é mais típico de quem faz medicina. “São pessoas mais perfeccionistas, mais exigentes consigo mesmas, mais estudiosas e, por isso, mais vulneráveis a desenvolver transtornos de ansiedade e transtornos depressivos. Além disso, por estarem num ambiente da saúde, muitas vezes, têm acesso a remédios e começam a se automedicar, o que é muito errado. Esse é um quadro que pode comprometer a saúde mental dos acadêmicos. Precisamos começar a olhar mais seriamente para esse grupo. Porque cuidar da saúde mental dos estudantes de medicina é cuidar dos nossos futuros profissionais médicos”, destacou Maria Cláudia.

A médica aconselha que o estudante procure um psiquiatra para buscar ajuda assim que notar alguns dos sintomas citados acim. Além deles, há outros como: medo de prova, tristeza constante, depressão, falta de vontade de fazer as coisas do dia a dia, de estudar para prova, além de outras fobias como medo de ir pra faculdade e de enfrentar o professor. O tratamento começa na psicoeducação. O médico psiquiatra ou o psicólogo podem oferecer a escuta para ajudar o estudante. São profissionais irmãos.

“Existe um preconceito em relação ao psiquiatra, que é visto como profissional que só medica. A medicação pode fazer parte do tratamento, mas não é só isso que o psiquiatra faz. Existem outras ferramentas para tratar uma doença mental e a principal delas é a psicoeducação, na qual o profissional, primeiramente, vai acolher, ouvir, orientar... e medicar, se necessário. A psicoterapia também pode ser feita pelo psiquiatra, mas a psicoeducação é o início de tudo, ter uma orientação sobre o que se tem e tratar o problema da melhor forma possível”, explicou Maria Cláudia.

Por fim, a doutora mostrou que é possível fazer a prevenção da doença mental. Ela garante que não existe uma receita de bolo, porque cada indivíduo é único, cada um tem a sua genética e o seu risco em potencial, mas existem dicas gerais: dormir bem, se alimentar bem, praticar atividade física, usar pouco álcool, não usar drogas e ter hobbies, fazer algo que dê muito prazer. “Sei que quem cursa medicina têm pouco tempo disponível. Mas é possível e necessário conseguirmos momentos para cuidar da gente. Ter uma rotina de estudos bem delineada ajuda muito e pode garantir a saúde mental destes estudantes”.

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