Atendimento Reumato4

Especialidade atende diariamente pacientes encaminhados pelas UBS

“A reumatologia é uma especialidade bem ampla. Cerca de 30, 40 anos atrás acreditava-se que reumatismo era uma coisa só. Hoje, nós sabemos que a especialidade cuida de mais de 200 doenças diferentes”. Foi com essa declaração que o reumatologista do Ambulatório de Especialidade do Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM) começou a conversa sobre como funciona o atendimento do setor.

O doutor Felipe Grizzo é um dos responsáveis pelo setor de reumatologia, que funciona diariamente no HUM. Segundo o médico, as doenças reumatológicas podem ou têm potencial de acometer as articulações, mas são bastante diferentes em sua natureza. Os especialistas na área cuidam de doenças como artrite reumatoide (que afeta primariamente e, principalmente, as articulações), até doenças sistêmicas que podem comprometer qualquer órgão como o lúpus eritematoso.

“Ao contrário do que a maioria da população imagina, o reumatologista não cuida só de idosos. As doenças que tratamos têm dois picos de incidência: um pico em jovens, principalmente mulheres, de cerca de 35, 40 anos; depois um segundo pico em idosos, acima de 60 anos. As doenças mais prevalentes nos idosos é a osteoartrite, popularmente conhecida como artrose, e a osteoporose. Nos mais jovens encontramos, principalmente, as doenças autoimunes como artrite reumatoide, lúpus sistêmico e doenças que não são autoimunes, mas têm alta prevalência, como a fibromialgia”, anunciou o médico.

Grizzo ainda explicou que as doenças autoimunes são aqueles em que o organismo reage contra ele mesmo. Essas patologias são comuns em diversas especialidades médicas, desde a endocrinologia em que o hipotireoidismo é um exemplo. “As teorias mais recentes apontam que a pessoa tem que ter uma predisposição genética, aliada a algum fator ambiental, algum fator ligado ao estilo de vida. Há também que pense que uma infecção, excesso de estresse ou algumas questões hormonais possam ser os desencadeantes. Mas o mecanismo gerador das doenças autoimunes é tema de bastante debate”, destacou o médico.

DOUTOR FELIPE

HUM - O ambulatório de reumatologia do HUM, segundo o doutor Grizzo (foto acima), é um ambulatório terciário, ou seja, é um ambulatório de referência que presta atendimento para pacientes referenciados de Maringá ou da região. “Quando dizemos paciente referenciado estamos falando daqueles que são encaminhados das UBS [Unidades Básicas de Saúde], via Secretaria da Saúde, para o HUM”. Desta forma, o médico reforça que, para você ter acesso ao Hospital Universitário, primeiro, a pessoa tem que ser avaliada por um clínico na UBS. Ele fará avaliação inicial e, caso acredite que o paciente tenha potencial de ter uma doença reumatológica complexa, ele encaminha a pessoa para rede pública, onde se presta atendimento na área da reumatologia. “O HUM é uma destas Unidades de atendimento terciário”, acrescentou o reumato.

O Hospital Universitário conta com uma equipe conta com três médicos reumatologistas – os doutores Grizzo, Paulo Roberto Donadio e Marco Antônio Rocha Loures. Além deles, atuam dois residentes, que estão em treinamento para virar reumatologistas, e outros residentes da área de clínica médica, além dos alunos do 5º e 6º anos de Medicina da UEM.

“Esse trabalho no ambulatório é ligado ao vínculo da docência no curso de Medicina da UEM. Uma parte da carga horária da docência é cumprida no ambulatório e dentro da nossa especialidade. Aliás, a maior carga horária dos professores é cumprida aqui, porque o aluno aprende de maneira mais objetiva na prática e ainda pode atender à comunidade de maneira assistencial”, destacou Grizzo.

Segundo o médico, o tratamento oferecido no ambulatório de reumatologia do HUM é individualizado. Não existe uma regra geral. A investigação para a determinação do diagnóstico é muito dependente de história clínica e do exame físico realizado pelo médico, e menos pelos exames laboratoriais ou de imagem. “Felizmente hoje, a maior parte dos tratamentos reumatológicos têm acesso fácil via SUS [Sistema Único de Saúde]. Praticamente em todas essas doenças a gente consegue ter acesso às medicações, a sessões de reabilitação para tentar dar uma qualidade de vida melhor aos pacientes. Na reumatologia, a gente insiste muito nas medidas não farmacológicas que é o extra remédio, porque em boa parte dessas doenças só os medicamentos não são suficientes. Elas exigem mudança de estilo de vida como prática de atividade física, emagrecimento, abandono do tabagismo e alcoolismo, e reabilitação, seja com fisioterapia seja com suporte psicológico”, explicou Grizzo.

O reumatologista ainda lembrou que algumas doenças como a osteoporose pode ser prevenida com a realização de um exame, a densitometria óssea, que pode ser solicitada pelo clínico da unidade de saúde, caso haja suspeita. Nesse caso, as mulheres são mais propensas a desenvolver o problema. A relação é de oito mulheres para cada 2 homens. Por isso, toda mulher acima de 65 anos têm indicação de realizar esse exame, especialmente, aquelas que já estão no período pós-menopausa ou têm histórico familiar ou algum outro fator de risco.

Por fim, Felipe Grizzo alertou que as doenças reumatológicas dão sinais claros. Os principais sintomas são as dores, predominantemente, dores articulares, mas também em algumas doenças, dores musculares, dores na coluna. Quem sentir qualquer desses incômodos deve procurar um clínico. “Entre 80 e 90% das vezes, o clínico possui treinamento para resolução das patologias mais básicas. O ambulatório do HUM é reservado para os casos de maior complexidade que o clínico julgue a necessidade de solicitar um auxílio no manejo mais amplo desse paciente. Aqui, enfim, a gente trata especialmente dos casos complexos como o lúpus sistêmico, a artrite reumatoide, a espondilite esquindozante, a vasculite, entre outras patologias graves”, completou o reumatologista do HUM.