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O projeto reúne num mesmo espaço público música, artesanato e produtos sem agrotóxicos

 

A feira Agroecológica de Inclusão Social, Cultura e Artes de Umuarama foi criada em 2015, com o objetivo de ofertar alimentos saudáveis dentro de uma proposta que valorizasse a agricultura familiar. Mas, hoje, o espaço é ponto de encontro de artistas e outros artesãos da cidade e região. A feira, conhecida como Faisca, é fruto de um projeto da Incubadora de Empreendimentos Econômicos Solidários (IEES), da UEM, vinculada ao Departamento de Ciências Agrárias, do câmpus da UEM, em Umuarama (CAU). 

A primeira versão da feira foi realizada no dia 29 de agosto de 2015, como detalha o idealizador da Feira, professor Max Emerson Rickli, coordenador da IEES. Para o professor universitário, a Faisca nasceu com a finalidade de gerar trabalho e renda para os agricultores atendidos pelos projetos agroecológicos dos cursos de agrárias da UEM, mas hoje representa muito mais do que isso. 

“Quando falamos de agroecologia, falamos de produtos cultivados sem agrotóxicos, pensando na questão da segurança alimentar e na do próprio produtor, que não vai precisar de equipamentos de proteção para fazer o seu trabalho. A gente ensina a produzir desta forma. Não pensa no ganho imediato, nas na qualidade de vida tanto de quem está produzindo quanto de quem está consumindo. A ideia sempre foi geração de trabalho e renda e não de emprego e renda. Desta forma, o agricultor tem autonomia e pode definir o quanto ele quer ganhar, quanto ele quer produzir e qualidade de vida que ele quer ter”, explicou Rickly.

A Feira trabalha com pequenos produtores da região, que produzem hortifrutis no sistema agroecológico com o apoio de projetos de extensão da UEM. Com isso, ganha um caráter pedagógico. 

“Por exemplo, o produtor de leite, aproveita o estrume da vaca, faz a compostagem e usa na lavoura, com isso ele produz sem adubo químico e economiza comprando o fertilizante. Isso é redução de custo. É possível produzir alimento saudável e reaproveitando o esterco da vaca, você deixa o ambiente do animal mais limpo diminuindo a possibilidade de mastite (inflamação das tetas da vaca). E tudo isso, dentro da universidade é acompanhado pelos acadêmicos, o que proporciona a formação de futuros profissionais mais aptos, porque os estudantes têm a oportunidade de ver os problemas in loco e discutir em sala de aula e ainda voltar para o campo com uma solução. O acadêmico não está simplesmente dentro de uma sala de aula. Ele está ali vivendo a realidade que vai enfrentar depois de formado. Por isso, destacamos esse caráter pedagógico, não só para quem produz, mas para quem assiste esse produtor”, explica o professor.

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Os produtores atendidos pela UEM reconhecem que a Faísca fecha o ciclo de produção e de distribuição dos produtos que são cultivados e beneficiados por eles. Elbe Antônio Vieira (foto acima), 45 anos, contou que a filha dele, que fazia Agronomia na UEM, o apresentou ao grupo do professor Rickly. Em princípio, a proposta era para revitalizar o pasto da propriedade, mas, em seguida, ele se envolveu com a produção de agroecológicos. 

“E a Feira é a saída que a UEM criou para a gente poder vender o que produz. A gente planta sem agrotóxico e tem um ponto de venda pra gente, fechando o ciclo”, anuncia o agricultor, que conta, hoje, com a ajuda da outra filha, a Rafaela, que vai com ele à Faisca, todos os sábados, porque acha que a Feira é “uma saída bem legal para que as pessoas comam produtos sem agrotóxico”. 

Cleusa Garcia, “de mais de 50 anos”, que participa da feira desde o começo, disse que o espaço foi importante para a divulgação dos produtos. Ela é, na verdade, “cria” dos projetos da UEM. Os acadêmicos a incentivaram e a ajudaram desenvolver uma pequena agroindústria de pimentas em conserva e palmito pupunha.

“Com a ajuda de um aluno da UEM, criamos uma agroindústria num barracão na minha chácara. Hoje, ainda estamos em fase se investimento, mas já conseguimos caminhar muito. Vendemos para os mercados da cidade, grandes e pequenos”, comentou a produtora.

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Cleusa Machado Francisco (foto acima), 63 anos, diz que sempre consegue o que não conseguiu durante a semana. “Ajuda bem. Principalmente para mim, que sou viúva, a gente acaba conseguindo comprar o que não colhe na propriedade. Fora a amizade que a gente faz com todo mundo aqui. A gente passa uma tarde feliz”.

A feira acontece todos os sábados, das 16 às 19 horas, nos fundos do estádio de Umuarama, onde acontece a feira do produtor. Ainda conta com uma programação cultural. Nos próximos fins de semana as atrações serão as seguintes: Manduca, Cintia Santos e Ricardo Braga, os três voz e violão. Segundo o professor, essa é só uma parte da Faisca. “Estamos colocando num mesmo espaço público dança, música, artesanato e produtos agroecológicos num ambiente bem agradável”, completou.

Veja todas as fotos da Faísca.

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