Uma obra que aborda como José de Alencar enfrentou o desafio de tornar sua poética que se representasse como americana, tendo como inspiração o continente onde estava o Brasil, é o tema do livro "José de Alencar: sou americano para o que der e vier", de Weslei Roberto Cândido, professor do Departamento de Teorias Linguísticas e Literárias (DTL), lançado pela Editora da Universidade Estadual de Maringá (Eduem). 

No século XIX, mais especificamente durante do romantismo brasileiro, José de Alencar se tornou o mais importante romancista de sua época, movimentando o parco sistema literário que dava seus primeiros passos rumos à consolidação de uma literatura nacional.
Ao propor um projeto de literatura nacional abrangendo o Brasil inteiro, Alencar mapeou-o em seus romances, inventariando os tipos humanos e as formas de falar típicas daquele que seria a mulher e o homem brasileiros. No entanto, ao estudar mais atentamente seus textos, percebe-se que o autor excedeu os limites nacionais e enfrentou um projeto maior: o de uma poética que se representasse como americana, tendo como inspiração o continente onde estava o Brasil.
Apoiado nas leituras Ferdinand Denis, José de Alencar se propôs a narrar a lenta gestação do povo americano, traçou um plano que o colocaria ao lado de autores como Cooper e Alonso Ercilla, propagandeou que seus romances seguiam uma tendência americana, que fora inaugurada por poetas brasileiros como Basílio da Gama e Santa Rita Durão.
O orgulho de ser americano é melhor expressado quando entra em polêmica com Joaquim Nabuco e, para defender sua obra, profere uma espécie de profissão de fé: “sou americano de raiz e de fé”, “sou americano  para o que der e vier”, aproveitando estes momentos nas páginas do jornal O Globo para expor seu projeto literário de como imaginava que deveria ser a literatura brasileira.
Ao longo da pesquisa, diz o autor "chegamos à conclusão de que os pampas se converteram em espaços de contatos entre a literatura brasileira e a hispânica do século XIX". "O gaúcho foi representado como o herói, o centauro dos pampas, no romance de José de Alencar; como o gaúcho violento, bárbaro e ditador no ensaio de Sarmiento e como o gaúcho a pé e degradado, nos versos de Hernández. Há, assim, uma literatura latino-americana que começa a se construir durante o Romantismo nas Américas", afirma Weslei Cândido.
A literatura indianista de Alencar que, no livro, é estudada como indigenista e se aproxima bastante de escritores como Clorinda Matto de Turner e Juan Léon Mera, todos preocupados em usar o índio em seus romances nacionais, ora exaltando-os ora mostrando-os como vítimas dos criollos, também abarca outra porção do continente americano.
O livro está à venda na Livraria Eduem, bloco F-5, câmpus universitário. O preço de capa é de R$ 54,00 e, para aquisição diretamente na Livraria Eduem, durante o mês de junho de 2016, a obra estará com 50% de desconto.
A livraria fica aberta das 7h40 às 11h30 e das 13h30 às 17h15. Outras informações pelo site www.eduem.uem.br e fan page: www.facebook.com/livrariaeduem. O telefone é (44) 3011-4394.