A Universidade Estadual de Maringá (UEM) formou, nesta quinta-feira (26), o primeiro médico indígena a se graduar pela instituição, numa solenidade de colação de grau antecipada, na qual 40 formandos, entre eles Virlei Primo Júnior, Guarani Nhandewa, da Terra Indígena Laranjinha, no município paranaense de Santa Amélia, receberam seus diplomas de conclusão de curso. 

Realizada no auditório do Hospital Universitário Regional de Maringá, a cerimônia foi marcada também pela formatura das gêmeas Gabriella Almeida de Souza e Graziella Almeida de Souza.
auditório para 200 pessoas ficou lotado

Ao lado do vice-reitor Julio Damasceno, o reitor Mauro Basso enfatizou o fato de os formandos terem sido aprovados no curso de medicina mais concorrido do Brasil. "É um momento de desafios, de vida nova", disse ele, afirmando ter a certeza de que todos terão sucesso, independente da especialidade a ser escolhida.
Baesso lembrou que existe sempre a possibilidade de o formado continuar na UEM, fazendo curso de pós-graduação e até se tornar professor da instituição, tendo em vistam a falta de docentes também nesta área em todo o País. O reitor recomendou aos novos médicos que nunca abandonem o princípio da ética no exercício da profissão.
O reitor ainda falou da importância de os novos profissionais contribuírem para o avanço da sociedade, enaltecendo o papel peculiar nas universidades públicas nesta questão. Lembrou que Brasil e França são os dois países de grande porte que mantêm o sistema de ensino superior público.
Baesso citou os convênios que a UEM têm estabelecido com universidades da Europa, incluindo a França, que permitirão inclusive a mobilidade estudantil também na área de medicina, tanto na graduação como na pós-graduação.
Assinalou que a UEM faz parte do seleto grupo das quatro maiores universidades estaduais públicas, ao lado da USP, Unicamp e da Unesp, na consolidação da pós-graduação. Para o reitor, a instituição ainda pode crescer neste segmento, com a ajuda dos que estão se formando. Informou, ainda, que a administração está trabalhando para concluir algumas obras do hospital.
Carlos Edmundo Fontes entrega diploma

O paraninfo da turma, professor Carlos Edmundo Fontes, disse ter ficado emocionado com a escolha do nome dele. Sugeriu aos formandos que vivessem o presente, aproveitando, de forma plena, tudo o que lhes forem oferecido, buscando continuamente o aprendizado.
Fontes, que é o coordenador do curso de medicina, convidou os novos médicos a enfrentarem os desafios, ajudando o Brasil a passar pelo difícil momento atual de mudanças.
Virlei com o diploma, ao lado das autoridades

O cacique Mário Raulino Sampaio, liderança indígena na Terra Yvy Porá, salientou que hoje era um dia importante para todos os que estavam recebendo o diploma, chamados por ele de "vencedores". Porém, também era uma data especial para o "vencedor" Virlei. Disse ter depositado confiança no indígena desde o início e frisou que, independente se ele atuará ou não na terra de origem, o importante é que a formatura de Virlei demonstra que o índio tem capacidade para estudar em qualquer curso e até exercer algum papel político, como o de prefeito por exemplo.
Com a colação de grau ocorrida nesta quinta-feira, a UEM terá formado 63.424 profissionais em toda a sua história, em 45 anos de existência.