“O Brasil é um Estado laico e a escola pública - que é parte desse Estado - também deve seguir o mesmo modelo e não induzir a educação a apenas um credo”. A opinião é da professora Eliane Rose Maio, coordenadora de um evento aberto na manhã desta sexta-feira (25), na Universidade Estadual de Maringá (UEM), para discutir exatamente as questões envolvidas no binômio escola e laicidade.


Psicóloga e docente do Programa de Pós-Graduação em Educação, Eliane Maio enfatiza que é importante trazer o debate para dentro da Universidade de um tema controverso como este. Apontando para a necessidade de uma definição clara dos conteúdos do ensino religioso nas escolas, a professora reforça que o País não possui uma religião oficial. No entanto, o ensino religioso, regulamentado como uma disciplina optativa nas escolas públicas, não discute religiosidades. Fala-se em nome de uma religião, que em última instância é aquela proferida pelo professor. “Isto não é pedagógico”, argumenta a professora. Para ela, se é para incluir ensino religioso na grade curricular, então que ele sirva para esclarecer sobre o que é ser católico, o que é ser evangélico, o que é ser espírita ou mesmo adepto das religiões africanas. “A imposição de forma ditatorial não respeita as diferenças de formação de cada indivíduo e pode ter consequências na formação social e psicológica da criança”, afirma.

O debate é promovido pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas em Diversidade Sexual (Nudisex) que também coordenado por Eliane Maio. A abertura dos debates contou com a participação da professora Célia Regina Rossi, do Programa de Pós-Graduação em Educação Sexual da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp). Por problemas pessoais, ela não pode vir a Maringá, mas proferiu a palestra por vídeo conferência, abordando o que é laicidade e como as políticas públicas da educação no Brasil tratam desse assunto.

Outra debatedora foi a socióloga  Sylvia Cavasin, fundadora da organização não governamental Ecos – Comunicação em Sexualidade e uma dasr organizadoras do Kit contra homofobia. Ela falou sobre o kit e as questões que ele aborda, além da proibição da distribuição dos produto nas redes públicas de ensino. A temática, segundo Eliane Maio, foi incluída no debate porque é de extrema importância que durante a educação básica o aluno tenha contato com questões de gênero, para que tabus possam ser quebrados. “Ninguém nasce preconceituoso, aprende-se a sê-lo. É função do educador promover a pluralidade pensamento”.

Sobre o Nudisex

O Núcleo tem como objetivo estudar e refletir sobre questões relacionadas à sexualidade, a partir do ponto de vista de diversas áreas de conhecimento. Ele atua como apoio para pesquisas sobre a diversidade sexual no espaço escolar, fornecendo subsídios teóricos e práticos para acadêmicos de diversas licenciaturas; professores da rede municipal e estadual, como também da escola privada e a equipe pedagógica, priorizando a temática de gênero e diversidade sexual e suas repercussões no espaço educativo. O Núcleo é coordenado pela psicóloga Eliane Rose Maio, professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da UEM. O atendimento do Nudisex é feito no câmpus sede da UEM, no Bloco 5, sala 3.  Informações: (44) 3011-5104.