A palestra de abertura do V Encontro de Pesquisa em Educação, a XVII Semana de Pedagogia da UEM e da III Jornada de Gestão Escolar contou com a palestra da professora Lízia Helena Nagel, que refletiu a provocação que o tema central evoca.

Ao traçar historicamente a função social da escola em diferentes períodos da educação brasileira, a professora demarcou as demandas de cada época específica, até as propostas para as demandas da escola atual. Apresentadas as proposições de diferentes pensadores contemporâneos pôde-se verificar o distanciamento entre o contexto da realidade social e a escola.

A sensação é a de que se pensa o ausente para o inexistente para que o existente se legitime. A tendência perpassa por soluções que ora beiram uma aparente coerência e ora uma profunda desconexão com a realidade na qual a escola se produz. Soluções do que a escola deveria ser, do que deveria fazer, de como deveria agir e reagir aparecem com inocente (ou inconseqüente?) redução da escola a um tipo de simulacro contendo as fórmulas pelas quais a conformação social seria debelada.

A palestrante, sabiamente se pergunta sobre a função social da escola, mas se recusa a uma resposta consoladora. Sua ausência de resposta, no entanto, instiga a busca de respostas mais coletivas e menos narcísicas, por vezes, formuladas de maneira bombástica e cínica. Lizia preferiu contaminar a letargia reinante na busca apressada de receitas atenuantes para assim remeter a perspectiva dos grandes desafios educacionais contemporâneos à realidade histórica em que a escola se insere.

O desafio é, portanto, colocar a escola numa espécie de jogo de espelho para ver-se a si mesma por vários ângulos até perceber-se que a outridade histórica nela está contida e é com esse desafio que o diálogo se inicia. O exercício do outro pode nos dar a compreensão de como a economia, a cultura, a política, a religião, a educação ... constitui o que está dentro e o que está fora da escola, nela age e interage e nessa dinâmica se configura.

A internet e sua interminável lista de possibilidades e de permissividades, por exemplo, não é um problema congênito dos adolescentes ou das pessoas em geral. A questão se refere ao valor exclusivamente mercantil e consumista que a ela se agrega e o componente motivacional que a sociedade a ela confere ou induz. Assim também, com o futebol, com a moda, com as músicas de sucesso comercial, com a mídia generalizada, etc.

A reflexão crítica na tensão constante dessa configuração parece trazer respostas. Quais? O tempo ainda é das perguntas. São elas mais honestas que o excesso de respostas sem correspondência entre a escola e a forma de ser da sociedade que através dela positiva seus interesses. O princípio de negação determinada dessa positividade parece ser um vislumbre, uma fenda que deixa entrever possíveis respostas.