A Universidade Estadual de Maringá celebrou, na última sexta-feira (28), no Sindicato Rural de Umuarama, os 40 anos da UEM e homenageou 13 pessoas que ajudaram a construir o Câmpus Regional de Umuarama (CAU). Um dos homenageados, o atual diretor do Câmpus, Osvaldo Joaquim dos Santos, disse que a Universidade não é apenas uma estrutura de concreto, mas os professores e os servidores que ajudam a oferecer o ensino de qualidade.  

O prefeito Moacir Silva falou sobre a alegria de ter a oportunidade de parabenizar a UEM pelos seus 40 anos. Lembrou que a criação do CAU, tão esperado naquela cidade, foi resultado da perseverança de líderes como o ex-prefeito e hoje deputado estadual Fernando Scanavaca e do deputado federal Osmar Serraglio, ambos homenageados no evento. Silva enfatizou que a UEM é formadora de mão-de-obra qualificada e lamentou a “desatenção” dos governantes estaduais nos últimos 20 anos em relação ao Câmpus. Para ele, esta desatenção não deveria ter acontecido porque Umuarama tem um grande potencial econômico para a região, sendo, atualmente, o 2º maior pólo moveleiro e dona do maior rebanho bovino do Paraná, além de ser referência hospitalar no Estado. Ele anunciou que, em parceria com a UEM, a Prefeitura está fazendo planejamento estratégico para os próximos 20 anos no município, a começar pela instalação, ainda neste ano, de 52 empresas numa Incubadora Tecnológica que vai funcionar no prédio do antigo IBC (Instituto Brasileiro do Café). O vice-reitor da UEM, Mário de Azevedo, enalteceu o papel de Scanavaca e da então reitora Neusa Altoé na criação do CAU. Também criticou a falta de políticas públicas para a região norte central, que já teve uma participação maior no Produto Interno Bruto (PIB) do Estado. Conforme Azevedo, o norte central, segundo dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), já respondeu, nos anos 70, por 11% do PIB do Estado e hoje participa com apenas 4%. “Relativamente nós empobrecemos, ainda que se tenha a sensação de que a vida melhorou”, disse. O vice-reitor informou, ainda, que, de acordo com o Ipardes, Londrina e Maringá chegaram a ter 25% do PIB, ante os 14% atuais. Segundo ele, nunca o Brasil aplicou tanto em ciência e tecnologia como agora, "porém somos deficitários em mais de R$ 50 bilhões na balança de pagamentos quando se refere à tecnologia. Estamos dependendo da inteligência estrangeira para satisfazermos nossas necessidades”, advertiu Azevedo, ao criticar o modelo de dependência primária na economia brasileira. Segundo ele, a UEM quer contribuir para um novo modelo de desenvolvimento. O vice-reitor afirmou que, pelo fato de a UEM ser multicampi, os Câmpus Regionais estão no mesmo patamar que o Câmpus-Sede, em Maringá. Azevedo defendeu um esforço compartilhado visando à integração do Estado.

 

Outra homenageada no evento, a ex-reitora e atual pró-reitora de Recursos Humanos e Assuntos Comunitários, Neusa Altoé, disse ter tido a compreensão e a colaboração de muitas pessoas na implantação do Câmpus Regional de Umuarama. A situação era adversa na época, afirmou ela, lembrando que o Paraná passava pelo período do neoliberalismo, sem recursos para investimentos no ensino superior público. Scanavaca assinalou que a criação do CAU era um desafio para os líderes políticos da cidade. De acordo com ele, a presença da UEM era condição imprescindível para o desenvolvimento daquela região. Recordou-se que um das dificuldades na implantação do Câmpus foi o posicionamento contrário dos colegiados da Universidade. Ele destacou a atuação dos deputados Osmar Serraglio e Nelson Garcia, com a participação de outros líderes de setores organizados da sociedade, como o presidente do Sindicato Rural de Umuarama, Renato Fontana, que resistiram à tentativa do governador Roberto Requião de fechar o CAU. Scanavaca disse ter a expectativa de que os cursos de engenharias serão implantados no Câmpus Regional e falou ter a convicção de que a expansão do CAU fará parte dos planos de trabalho do próximo reitor. Para o deputado, a UEM tem um débito com o Câmpus Regional de Umuarama, já que deixou de investir mais recursos naquele local. Serraglio vislumbrou que um dia a história talvez possa fazer jus à importância de algumas pessoas na criação do CAU, entre elas a ex-reitora Neusa Altoé; o ex-diretor do Centro de Ciências Agrárias (CCA), Willian de Carvalho Nunes; e o ex-diretor do Centro de Tecnologia (CTC), Francisco Ladaga. O deputado falou sobre sua atuação para que o Paraná pudesse ser mais contemplado com recursos do Programa de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES) e a emenda dele, aprovada no orçamento federal de 1999, para que o Estado tivesse uma universidade latinoamericana. O vice-reitor pediu a palavra e anunciou que a UEM já aprovou a criação de três engenharias para o CAU: de Alimentos, a Civil e a Ambiental. E disse que os políticos têm o direito de solicitar mais investimentos no Câmpus. Porém, lembrou a atuação da Universidade em defesa do CAU. Um caso emblemático foi quando o Conselho de Administração (CAD) anulou a portaria da Reitoria que exonerava oito professores contratados para ministrar aulas no Câmpus Regional de Umuarama. Ele agradeceu o governador Orlando Pessuti e o secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Nildo Lubke, pela expansão do ensino superior.

A orquestra de flautas do curso de música da UEM, sob a regência da professora Andréia Anhezini, e os músicos Enéas Ramos e Tijolo, funcionários da Universidade, apresentaram-se na solenidade, arrancando muitos aplausos da platéia.

Também compareceram ao evento, entre outras autoridades, o chefe de Gabinete da Reitoria, Júlio Santiago Prates Filho; o diretor do CTC, Mauro Ravagnani e o diretor-ajunto do Centro, Júlio César Damasceno; o assessor de Planejamento da UEM, Paulo Moreira Rosa; e o presidente do Sindicato Rural de Umuarama, Renato Fontana.