Pesquisadores e estudantes da UEM e cientistas convidados estiveram reunidos no Nupélia, para discutir conservação,  biodiversidade e o projeto A Planície Alagável do Rio Paraná: estruturas e processos ambientais, executado pelo Nupélia, Gema e Gesa, da UEM.

 

A iniciativa já identificou 4.239 espécies para a planície de inundação do alto rio Paraná, na região de Porto Rico. Foi um aumento de mais de 120% nas espécies registradas. Até o início da contagem, em 2000, havia 1.887 espécies contadas.

Várias destas espécies são novas para a ciência. Só de parasitos de peixes foram descobertas e descritas 40 novas espécies. Este resultado demonstra como a planície, que é o último remanescente livre de barragens do lado brasileiro do rio Paraná, é um ecossitema-chave para a manutenção da biodiversidade. Foram 1.069 espécies de vegetação, 585 de fitoplâncton, 474 de perifiton, 581 de zooplâncton, 369 de rotíferos, 261 de invertebrados bentônicos, 137 de peixes, 295 de aves, entre outros.

O projeto, coordenado pelo professor Angelo Antonio Agostinho, é o sítio 6 da rede Peld (Pesquisas Ecológicas de Longa Duração do CNPq). A rede Peld do Brasil (http://www.icb.ufmg.br/peld/) faz parte de uma rede mundial de projetos (http://www.ilternet.edu/ ) que visa a incentivar a pesquisa a longo prazo, de maneira a ampliar as janelas de observação dos processos ecológicos. A área é também um dos dois sítios demonstrativos do Programa de Ecohidrologia da Unesco das Nações Unidas.

O Nupélia vem estudando o ecossistema desde 1986 e, com o projeto Peld, pôde ampliar as pesquisas e manter o monitoramento da área. Além da ampliação da lista de espécies, a longa duração do projeto permitiu concluir que o regime de cheia e seca tem forte influência na ecologia de todos os grupos. Muitos peixes, por exemplo, têm maior sucesso reprodutivo em anos de amplas cheias e engordam em anos de secas. Também foi possível observar vários fenômenos como o efeito da barragem de Porto Primavera e do fenômeno El niño, o avanço de espécies exóticas e a importância de certos hábitats para a conservação da biodiversidade, o que não seria possível com pesquisas de curta duração.

O projeto conta com 37 professores ligados ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia de Ambientes Aquáticos, que já formou mais de 200 estudantes de doutorado, mestrado e iniciação científica (graduação) e publicou, no Brasil e exterior, quase 450 artigos e capítulos de livros, além de sete livros que tratam especificamente dessa área de várzea. O projeto congrega pesquisadores da área biológica, socioeconômica e de educação ambiental. Durante sua vigência, permitiu o intercâmbio de mais de 50 instituições do exterior e 70 do País. O projeto foi proposto inicialmente para 10 anos, que se cumpririam em 2009. Os participantes esperam que haja a renovação, para que o monitoramento desse importante ecossistema seja mantido, a fim de dar subsidio a ações de manejo para que a região seja conservada como um legado para esta e as próximas gerações.

O workshop, organizado por uma comissão presidida por Liliana Rodrigues, apoiado pelo CNPq, contou com a presença dos pesquisadores Juan Jose Neiff (Conicet-Argentina), Bráulio Dias (Coordenador de Biodiversidade do MMA), Francisco Barbosa (Coordenador do Peld no Brasil - UFMG) e Luiz Maurício Bini (UFGO). Os relatórios estão no site http://www.peld.uem.br/.